Inteligência Emocional auxilia a superar dificuldades e a ressignificar traumas
Carol Leme

Uma característica de muitas pessoas atualmente é a reatividade. Basta uma pergunta ou resposta “atravessada”, para que, em milionésimos de segundos, uma reação desmedida seja tomada. Depois, culpa e arrependimento quase sempre acontecem.
Segundo a psicanalista e life coaching Leonora Comegno, este tipo de atitude representa a falta de inteligência emocional, termo que vem sendo trazido à tona nos últimos anos. Ela explica que esta capacidade se trata da condição que temos de identificar o que nos leva à reação, reconhecer o que pode ser feito para não avançar de forma negativa e analisar o que é bom e o que não é, para que situações desagradáveis não sejam recorrentes. “Daí passa a ser possível dar um novo significado àquele gatilho que dispara aquele tipo de reação e consegue-se ter o controle emocional. Esta inteligência envolve nosso relacionamento com pessoas e quando temos essa capacidade, já não culpamos os outros pelos acontecimentos e nos autorresponsabilizamos, abrindo outras formas para ocorrer um diálogo”, detalha.
Para Leonora, existe uma série de motivos que desencadeiam nossas reações, podendo vir de situações vividas na infância, herdadas geneticamente e as adquiridas pelo meio em que se vive, entre eles, principalmente, a necessidade de ser compreendido e ser aceito pela sociedade, que faz com que a pessoa passe a maior parte da sua vida tentando fazer com o que o outro tenha uma boa visão dela. “Devemos compreender que cada pessoa é um universo desconhecido e que não podemos entender e decifrá-la completamente. Embora pareça que conheçamos uma pessoa, nunca será completamente e é por isso que depositamos muita expectativa e elas nem sempre são capazes de nos dar isso em troca”, completa. A coach observa que todas as pessoas, devido a seu ego, são movidas por seus próprios interesses, até mesmo quando pedem perdão ou fazem alguma caridade, e, por terem dificuldade em admitir, acabam mais uma vez depositando as responsabilidades no outro, enquanto o trabalho deveria ser interno. “O cérebro tem mecanismos sabotadores que, frente a uma situação que não nos agrada e não deu certo em outro momento, nos remete ao passado e faz com que não sigamos em frente, como um gatilho que dispara e cria uma barreira. Por isso precisamos reconhece-los, bem como o que desencadeia determinada reação, pois, desta forma, poderemos controlar nossas emoções e ressignificar uma situação que antes era negativa. A cura sempre está dentro da gente”, ensina.
Para Leonora, as pessoas devem procurar ajuda quando não conseguem mais enxergar o caminho sozinhas, e, para tal, existem profissionais e técnicas variadas, que devem ser escolhidas conforme afinidade e necessidade. “O profissional não deve sugerir nada, pois como eu disse, o universo do outro é desconhecido, mas simplesmente espelhar aquilo que ela está trazendo e mostrar uma nova perspectiva. O paciente é sua própria luz, mas está com tudo deturpado e precisa de uma ajuda profissional para auxiliar e contribuir para que ele se ressignifique e encontre seu próprio caminho. A chave é o autoconhecimento, com empenho e dedicação, pois não há uma chave mágica”.