Há quem rejeite o pretendente por ter um signo “incompatível”

Em uma pesquisa feita pelo aplicativo de relacionamentos Badoo, na qual foram ouvidos 1.248 usuários em setembro de 2020, 44% dos entrevistados afirmaram que a compatibilidade do signo é um fator importante para definir com quem namorar. Além dos relacionamentos, há pessoas que usam signos para escolher amizades, empregos, ou contratar funcionários, data de viagem, ou tomadas de decisões. Os solteiros, que estão conhecendo pessoas novas, apontam que a pergunta “qual o seu signo” é umas das primeiras na conversa.
A astrologia surgiu a partir da análise dos ciclos dos astros e das fases da lua, que foram divididos em 12 unidades, hoje conhecidas como os signos do zodíaco. O psicólogo Fellipe Augusto de Lima aponta que quem tem a astrologia como item fundamental em um relacionamento quer segurança na relação e acredita que o signo pode descrever a personalidade de alguém.
Uma jovem santa-cruzense, que preferiu ser chamada de Mary, contou que não resiste em perguntar o signo da pessoa e fazer uma análise de compatibilidade. “O que já observei é a mudança em certos aspectos de acordo com o ascendente. Um signo que a maioria das pessoas acha fofinho é peixes, por exemplo, e há um atrito imenso com o meu, gêmeos. Eles tendem a manipulação, vitimíssimo, traição e inversão. Geminiano não leva jeito pra ‘dar corda’ pra esse tipo de pessoa. Sempre penso que irei perguntar o signo só por curiosidade, sem observar as características de personalidade, pois as pessoas são diferentes, mas quando vejo me pego em observação”, revela.
Mary pondera que não é preciso levar ao pé da letra e fugir de alguém do signo X ou Y. “Porém, se as experiências negativas se repetirem, algo pode estar te dizendo que não combina. Às vezes não combina pra um relacionamento amoroso, mas podem ser ótimos amigos. Carl Jung, por exemplo, é o responsável pela introdução da astrologia na psicanálise. Jung diz que os signos possuem seus arquétipos. O conceito de sincronicidade dele é o que faz com que a gente que curte signo não se ache tão doido”, brinca.
A jovem trouxe para o debate outra questão que tem visto acontecer que são pessoas levando em consideração o signo de candidatos a vaga de emprego. “Na mesma medida que todos os signos têm suas falhas, também têm suas potências. Não dá pra julgar as habilidades de alguém pelo dia do seu nascimento. Evitar um date com um geminiano (meu signo) é uma coisa, achar que alguém regido por esse signo não tem capacidade de assumir uma função no trabalho é mais absurdo que gostar de signo. Vamos gostar de signos, mas sem treta astrológica”, aconselha.
Professora de dança e redação, a curitibana Luciana da Rocio Mallon, 47, já viu isso acontecer. “Já trabalhei em loja onde a dona pedia para os candidatos colocarem o signo no currículo e levava isso em consideração na escolha. Ela tinha medo de áries, capricórnio e escorpião”, relata.
O signo está presente na vida de Luciana ativamente, ela dá aulas de dança voltada para cada signo. “O psicólogo Jung já tinha feito uma pesquisa entre arte e signos. Só que naquela época as pessoas deram pouca importância. Sou professora de dança, semiótica e estudo misticismo há anos. Fiz uma pesquisa com bailarinas de várias modalidades e fiz o mapa dos signos que são mais felizes em certas modalidades de danças. Pois, existem signos catalogados em cada elemento diferente: água, terra, ar e fogo. As danças também possuem estas divisões”, explica.
Para trabalho ela também gosta de analisar signos, pois compara os tipos de chefes. “Meus melhores chefes foram de peixes, leão e capricórnio. Tive muitos problemas no trabalho com pessoas de libra. Peixes são chefes compreensivos, capricornianos são organizados e leoninos são alto astral”, exemplifica.