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Muitas dúvidas surgem na introdução alimentar dos bebês

Publicada dia 03/07/2019 às 17:09:41

Thaís Balielo

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Após os seis meses de amamentação exclusiva, o bebê começa a se alimentar dos primeiros sólidos e isso traz muitas dúvidas para os pais. A gastropediatra Daniela Oliveira Souza e a nutricionista Michele Kampf Dierka falaram sobre o tema com a reportagem do Atual.

Daniela e Michele relataram o grande número de pais que expressam dúvidas neste período de transição. As principais questões são o tipo de alimento que pode iniciar, a quantidade, se o bebê gostará ou não, como temperar e outros fatores.

As profissionais também falaram das diferenças entre o método tradicional e o BLW. “O BLW é um método de progressão alimentar para bebês que pode ser traduzido como “desmame conduzido pelo bebê”, ou seja, o bebê é encorajado a pegar e levar os alimentos a boca e decide o quanto quer comer em cada refeição. Já na alimentação tradicional o bebê é alimentado pelos pais ou responsáveis com alimentos em consistência pastosa e com a colher”, diz Daniela.

A nutricionista explica que a escolha de qual método usar é dos pais e de acordo com as possibilidades das crianças. “Sugere-se que o método BLW tenha vantagens por conferir a criança uma maior autonomia, controle da fome e saciedade e melhor desenvolvimento oral, porém não temos estudos em quantidade e qualidade suficiente para afirmar que seja um método superior. O método tradicional também pode ser feito com uma abordagem que respeite a autonomia e auto regulação do bebê. Sempre oriento as mães sobre a diferença entre você dar e oferecer comida ao seu bebê. Em resumo, o melhor método é aquele que a mãe prefere, que respeite a rotina da família e a que o bebê está preparado fisiologicamente para receber”, diz.

A gastropediatra Daniela orienta a começar a introdução alimentar com frutas duas vezes ao dia e após alguns dias começar com a papa principal (almoço) com os quatro principais grupos alimentares (legumes e verduras; cereais e tubérculos; leguminosas; carne e ovo). Ela lembra que não é necessário usar sal ou açúcar na introdução. “Sucos devem ser evitados no primeiro ano de vida para não haver comprometimento da ingestão de alimentos com maior densidade nutricional e predisposição à obesidade. O mel é proibido até os dois anos. Há o risco de contaminação de bactéria associada ao botulismo, doença que pode ser muito grave nessa faixa etária”, revela.

Michele lembra que no método tradicional é importante não triturar, liquidificar ou peneirar os alimentos, pois isso atrapalha o desenvolvimento do bebê, que não terá esforço nenhum para comer. “O correto é apenas amassar com o garfo de maneira sútil para que ainda sobrem pequenos pedaços para estimular o desenvolvimento da mastigação”, diz.

Michele aconselha que os legumes sejam cozidos no vapor para não perder nutrientes. “Não se recomenda fazer papinhas com diversos ingredientes misturados, pois assim o bebê não consegue distinguir e identificar qual o sabor de cada item, prejudicando o desenvolvimento do paladar. A melhor opção é amassar os alimentos e oferecer um a um. Por exemplo, ao invés de fazer uma sopa, ofereça a batata amassada mais carne moída mais abobrinha cozida”, aconselha.

A nutricionista lembra ainda que o sal não deve ser utilizado até os 12 meses. Para os alimentos salgados devem-se utilizar temperos naturais como alho, cebola, ervas e temperos frescos em pequena quantidade.

“Cada situação deve ser tratada com individualidade, mas o mais importante é nunca forçar a criança a comer. Sempre ofereça os alimentos, e deixe que ela decida se come ou não e o quanto come. A obrigatoriedade de comer tudo para ganhar uma sobremesa ou algo que gostem como prêmio pode agravar o quadro e gerar mais problemas no futuro e no controle de fome e saciedade, que é fisiológico”, revela.