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Falar errado é normal ou pode indicar problema?

Publicada dia 10/01/2020 às 11:30:57

Thaís Balielo

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Muita gente acha graça quando ouve uma criança falando errado. Na maioria das vezes, pronunciar as palavras de maneira errônea, sem um “L” ou um “R”, faz parte do desenvolvimento normal de meninos e meninas. No entanto é preciso ficar atento quando as trocas permanecem mais do que deveriam. A fonoaudióloga Elianne Maria Moraes Peres Cardim explicou que a aquisição de linguagem é uma das realizações mais notáveis no primeiro ano de vida.

“O desenvolvimento adequado da linguagem é um dos fatores fundamentais para que o desenvolvimento infantil ocorra de forma harmônica em todas as esferas, seja social, comportamental e de aprendizagem. Conforme a criança cresce, ocorre a maturação neurológica, que possibilita a produção fonêmica. Por isso existem os fonemas esperados para cada idade”, argumenta.

A profissional lembra que existem trocas e omissões compatíveis com cada idade cronológica. Por isso a importância da avaliação com um profissional para que identifique se as alterações estão compatíveis com o desenvolvimento ou se precisam de intervenção imediata. “É importante ressaltar que até aos 5 anos a criança deverá ter adquirido todo quadro fonêmico. Existem fonemas que são adquiridos aos 2, 3, ou próximo aos 4 anos e finalmente aos 5 anos todo quadro”, explica.

Elianne salientou que é preciso estar atento aos sinais de alerta para alteração no desenvolvimento da fala e linguagem. Um dos sinais é o atraso no início da fala, que deve ocorrer aproximadamente aos 12 meses. Fala com muitas trocas e omissões que atrapalhem a compreensão também podem ser um indicativo de problema. “Mesmo que não fale ainda, a criança deverá se comunicar através de gestos ou ações, a ausência dessa comunicação deverá ser investigada”, aponta.

A fono lembra que a família é muito importante no processo de desenvolvimento de linguagem. “Os adultos nunca devem falar errado como a criança, deverão ser modelo para que a criança, ouvindo o correto, possa melhorar sua produção articulatória. Imitar os erros, falar enfatizando com a criança ou rir da forma como fala, pode levar a prejuízos no desenvolvimento da linguagem. Os pais podem auxiliar falando imediatamente o correto quando a criança falar algo errado”, diz.

Outra questão levantada pela especialista é que nos primeiros anos podem ocorrer disfluências normais de linguagem como repetições, bloqueios ou prolongamentos de sons que serão confundidos com gagueira. “É muito importante receber a orientação de um profissional, pois se os adultos pedirem para parar ou começar a fala novamente, podem atrapalhar o desenvolvimento normal e estender esse período mais que o esperado”, afirma.

“Além disso, há a questão do uso de mamadeira precocemente e chupeta de maneira indiscriminada que alteram a mobilidade e motricidade do sistema fono-articulatório, podendo prejudicar o desenvolvimento da fala. Já o aleitamento materno, favorece a adequação do tônus muscular e a mobilidade, favorecendo o processo de aquisição articulatória”, garante.