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Esteatose hepática atinge mais obesos

Publicada dia 03/07/2019 às 10:12:45

Thaís Balielo

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A esteatose hepática, ou gordura no fígado, atinge boa parte da população, principalmente os obesos. O endocrinologista Valdinei Garcia falou com o Atual sobre o tema. Ele explicou que a doença se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura (lipídios) nas células do fígado. Esse acúmulo pode permanecer estável por muitos anos, no entanto, se não controlada, a doença pode evoluir para a esteato-hepatite, cirrose e até mesmo câncer de fígado.

Atual – O que causa a esteatose?

Valdinei – Existem duas classificações que têm causas diferentes. Alcoólicas: provocadas pelo consumo excessivo de álcool (regular ou esporádico). Não Alcoólicas: provocadas por hábitos e estilos de vida inadequados. A esteatose Hepática Não Alcoólica é causada por sobrepeso, obesidade, gravidez, sedentarismo, diabetes, má alimentação, colesterol alto, pressão alta, perda ou ganho muito rápido de peso, uso de medicamentos (corticoides, estrógeno, amiodarona, antirretrovirais, diltiazen e tamoxifeno), e inflamações crônicas no fígado. O excesso de peso é atualmente uma das principais causas da esteatose Hepática Não Alcoólica, sendo responsável por 60% dos casos de gordura no fígado.
A – Quais os sintomas?

V – A doença é assintomática, embora em alguns casos de Esteato-hepatite possa haver fadiga, mal estar e desconforto abdominal. Estes pacientes são, em geral, diagnosticados incidentalmente por exames de imagem abdominal (ultrassom, tomografia ou ressonância), ou através de testes de laboratório com elevação das transaminases.

É bom lembrar que há outras doenças do fígado que também podem estar associadas à presença de infiltração gordurosa, como a hepatite C, a hemocromatose (depósito anormal de Ferro no fígado), a doença alcoólica, e outras.

A – Como é o tratamento?

V – A supressão do consumo de álcool é ponto inicial básico.  O tratamento medicamentoso é reservado para os casos com Esteato-hepatite associada.  À luz dos conhecimentos atuais, algumas drogas vêm sendo utilizadas, porém com níveis modestos de evidência científica sobre sua eficácia. Em pacientes obesos graves, haverá indicação eventual de cirurgia bariátrica. Nos casos que evoluem para cirrose descompensada, o transplante de fígado torna-se uma alternativa.  

A – Como prevenir?

V – A prevenção compreende uma série de medidas relacionadas ao estilo de vida, hábitos alimentares e cuidados com a saúde, como por exemplo: evitar o excesso de álcool, manter uma dieta saudável e peso adequado, praticar atividade física regularmente e realizar controles rotineiros de verificação da saúde, principalmente após os 40 anos.

A – A doença pode levar a morte?

V – A esteatose tem como principal complicação a Cirrose Hepática. Esta pode ser definida anatomicamente como um processo difuso de fibrose e formação de nódulos, acompanhando-se frequentemente de necrose das células do fígado. Apesar das causas de cirrose hepática variarem, (esteatose é apenas uma delas), elas sempre resultam no mesmo quadro patológico, o qual predispõe, ainda, ao aparecimento do câncer primário do fígado. O único tratamento definitivo para a cirrose hepática continua sendo o transplante de fígado. A mortalidade é elevada nos casos de cirrose e pode chegar a 60% em 10 anos, se não controlada.