Discalculia tem solução, sim senhor
Mariana Pires

Causa de grande parte das reprovações escolares, a matemática podem se mostrar um desafio a mais para alguns estudantes.
Dá-se o nome de discalculia ao transtorno que compromete a aprendizagem de matemática. Trata-se de uma desordem neurobiológica, caracterizada por problemas no processamento de informações numéricas, aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes, o que afeta a maneira que a pessoa compreende e manipula números.
Estima-se que a prevalência de transtornos específicos da aprendizagem relacionados à leitura, escrita e matemática é de 5 a 15% entre crianças em idade escolar, em diferentes idiomas e culturas. Já nos adultos, estima-se que seja de 4%.
No caso da discalculia, os indivíduos que sofrem com a condição muitas vezes carregam o problema fora da sala de aula, já que consequentemente irão sofrer dificuldade para desenvolver contas simples e até na hora de calcular o troco. “Apesar de possuírem inteligência normal, os pacientes diagnosticados com o transtorno terão um desempenho abaixo da média em matérias exatas”, explica a neuropediatra Ellen Balielo Manfrim.
Entre os principais sintomas relacionados à discalculia, os mais expressivos são aqueles relacionados ao não reconhecimento dos números, a incompreensão das unidades de medida, a dificuldade na hora de comparar tamanhos e distâncias e a incapacidade de ver as horas em um relógio de ponteiro. “A pessoa também pode ter ocorrências relacionadas à memória fraca”, ressalta a neuropediatra.
Ellen recomenda que, caso haja a suspeita, o ideal é procurar um médico especialista para realização do diagnóstico. “Após a consulta e a avaliação específica, o paciente deverá ser investigado através de exames complementares que descartarão outros problemas que afetam o aprendizado”, acrescenta.
O tratamento deve ser feito por uma equipe multiprofissional. Ou seja, é necessário que um neuropediatra, um neuropsicólogo e um psicopedagogo trabalhem em conjunto e estejam em sintonia no tratamento da criança com discalculia. Cada médico terá uma responsabilidade diferente, além do objetivo comum de melhorar a capacidade de aprendizagem da criança e ajudá-la a atingir o sucesso acadêmico.
Para isso, é importante que os pais e os professores colaborem com o tratamento, acompanhando e motivando o paciente a seguir em frente. “Para trabalhar com as crianças e jovens é muito importante primeiro conscientizá-los sobre a importância da matemática em nossas vidas. Incluir o aprendizado escolar no cotidiano do paciente facilita a adesão e a dedicação aos estudos e consequentemente, o próprio tratamento”, afirma Ellen.