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Setembro Amarelo destaca fatores socioeconômicos na prevenção ao suicídio

Publicada dia 10/09/2025 às 17:57:53

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O Setembro Amarelo é um movimento nacional de conscientização que surgiu em 2014, a partir de uma iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o Conselho Federal de Medicina. A campanha ocorre ao longo do mês, com destaque para o dia 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Segundo o psicólogo Jhonatan Ferreira Gomes, “falar sobre o suicídio, de maneira cuidadosa e acolhedora, é a principal ferramenta para acolher as pessoas em crise e com esses pensamentos, para lembrar de que há muito mais na vida do que os problemas de agora”. Ele explica que a conscientização também auxilia familiares, amigos e colegas a identificarem formas adequadas de apoiar e encaminhar quem precisa de ajuda.

O especialista ressalta que, além de aspectos emocionais, fatores socioeconômicos contribuem significativamente para o comportamento de desesperança. “Não se pode considerar esse comportamento apenas de caráter psíquico, mas também sociocultural. Dificuldades em pagar contas, endividamento, exploração do trabalhador e jornadas extensas com baixos salários levam a um desgaste profundo das energias do indivíduo”, afirma. Esse cenário, segundo ele, amplia o risco de suicídio, especialmente em contextos de vulnerabilidade social.

A combinação entre pressões emocionais e limitações financeiras gera efeitos duradouros. “Imagine a realidade de muitos brasileiros, que trabalham longas jornadas, têm pouco tempo para descanso ou lazer e ainda enfrentam contas atrasadas e baixa capacidade de compra. Esse ambiente pode contribuir para um esgotamento emocional e falta de perspectiva de mudança”, observa Jhonatan. Ele destaca ainda que esses impactos são maiores em grupos historicamente vulnerabilizados, como população negra, parda, indígena e pessoas da comunidade LGBTQIA+.

Os sinais de alerta em situações de crise, segundo o psicólogo, envolvem mudanças de comportamento, como isolamento de familiares e amigos, uso excessivo de álcool, cigarro ou drogas e a tendência de esconder dívidas e preocupações. Esses fatores, somados, aumentam a sobrecarga emocional.

Para lidar com o desgaste, Jhonatan sugere práticas acessíveis, como exercícios físicos — caminhada ou pedalada, por exemplo — que ajudam a regular o humor e dar perspectiva de rotina. Ele também aponta a importância da consciência sobre direitos trabalhistas, da busca por educação financeira e da participação em atividades coletivas, que fortalecem vínculos e dão suporte diante das dificuldades.

“Sozinho, o indivíduo pouco pode fazer diante de salários baixos e longas jornadas, mesmo que seja empreendedor — que também exige dedicação e leva ao mesmo desgaste. Trabalhar de forma coletiva, se organizar, conversar com pessoas em situações semelhantes e cooperar pode ajudar a dar luz à situação e gerar esperança”, observa. Ele ainda acrescenta que buscar educação financeira e atenção aos gastos desnecessários complementa esse cuidado, contribuindo para reduzir a sobrecarga emocional.

Serviço

Jhonatan Ferreira Gomes é psicólogo formado pela USC, especialista em análise do comportamento e em neuropsicologia. Atende no CROD Radiologia Digital, localizado na Avenida Tiradentes, 1200, em Santa Cruz do Rio Pardo. O contato pode ser feito pelo telefone (14) 99788-5221, Instagram e TikTok (@psico.jfg).