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Violência contra crianças: é preciso estar atendo aos sinais

Publicada dia 07/05/2021 às 11:48:26

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Thaís Balielo


O caso na mídia do menino Henry que morreu após sofrer agressões dentro de casa acendeu um alerta para esta realidade que acontece em muitas famílias brasileiras. O psicólogo Regis Pilati explica que a criança demonstra alguns sinais que está sofrendo e é preciso estar atento para percebê-los.

Regis lembra que, segundo pesquisas, 70% das agressões e abusos acontecem dentro de casa. “A gente entende que são pessoas da rotina, do meio delas e da intimidade. O agressor tem perfil de sedução primeiro. Ele ganha a confiança da criança, seduz com presentes, com doce, linguagem atraente para criança, agride e ameaça a criança para não contar para outra pessoa. Pode vir de padrasto, madrasta, pai, mãe, irmão, enfim de pessoas do meio. Vem do meio familiar”, enumera.

O psicólogo explica que as crianças são muito transparentes no jeito dela de ser e qualquer alteração de comportamento pode ser um indício que algo está errado. Ele pondera ainda que a pandemia dificultou que pessoas de fora da família percebam os sinais e que a criança peça ajuda. A escola sempre foi um local em que estes sinais eram notados, tanto por comportamento, quanto por hematomas. “Era muito comum professores ou funcionários de escola e creche percebem comportamento diferente. Com o distanciamento da pandemia isso dificultou”, argumenta.

Ele explicou que a criança pode apresentar sinais de insônia, comer mais ou menos que o habitual, ter enjoo, pode ficar menos comunicativa, ficar violenta, ou seja, tanto sintomas físicos como emocionais.

“É nossa responsabilidade ter um olhar sobre atitudes suspeitas. É um problema da sociedade, cabe a gente fazer nossa parte. Tem o Disque 100 para denunciar este tipo de caso. É um problema social e quando estamos sentindo situações estranhas temos o dever de tomar uma atitude, de denunciar”, aconselha.

Regis lembra que é preciso ter cautela ao trazer pessoas de novos relacionamentos para a vida dos filhos. “Traga com cuidado o filho para a vida do padrasto ou madrasta, processo deve ser lento. A gente se apaixona e quer que as coisas aconteçam muito rápido. É preciso conhecer verdadeiramente antes de entregar totalmente o cuidado do filho”, alerta.

Uma pessoa que sofre violência na infância terá consequências em sua vida adulta. “Ela pode ser uma pessoa muito insegura, achar que merece ser maltratada. Ter sérios problemas em estabelecer um relacionamento duradouro. Pode se tornar agressiva também, a vítima pode se transformar em um agressor. Ainda pode ir para os vícios, drogas legais e ilegais”, exemplifica.