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Grupo de pedal feminino incentiva mulheres à prática do ciclismo em Santa Cruz

Publicada dia 03/09/2020 às 11:54:25

Arquivo Pessoal

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Renan Alves


Durante a pandemia, o brasileiro está apostando “pra valer” na bicicleta como alternativa de transporte ou prática de atividade física. A Associação Brasileira do Setor de Bicicletas registrou um aumento de 50% nas vendas de bikes em maio deste ano e a produção cresceu 117% comparada com o mesmo período de 2019. Em Santa Cruz do Rio Pardo, o fenômeno é bastante perceptível, com cada vez mais ciclistas pelas ruas da cidade e também grupos que pedalam em trajetos longos, optando por estradas rurais e rodovias que cortam o município. Entre estes grupos, está o Elas no Pedal, formado apenas por mulheres. 

A secretária Laiane Camila Vaz Batista foi uma das primeiras integrantes da turma. Ela conta que grupo surgiu há pouco tempo, no início de julho, com apenas cinco amigas que decidiram praticar o ciclismo por ser uma atividade ao ar livre, com menos risco de contato e contaminação em tempos de coronavírus. Elas criaram um grupo no WhatsApp para combinar as pedaladas e, a partir daí, com uma amiga chamando outra, a novidade se espalhou rapidamente. Hoje, o Elas no Pedal conta com 150 mulheres. Além da comunidade no WhatsApp, elas criaram também um perfil no Instagram, o @elasnopedal.scrpsp, que possui quase 700 seguidores, onde são postadas principalmente fotos dos locais por onde as ciclistas passam. “A ideia de ser só mulheres, é porque elas estão ali para se superar, uma apoiando a outra. Sabemos das dificuldades de cada uma, temos nossos limites, e geralmente os homens são mais competitivos e não tem muita paciência de ficar parando toda hora, tirar fotos, então, vamos só em mulheres para nos sentirmos mais à vontade. Em alguns pedais que marcamos, os maridos vão juntos, mas já conhecem nosso ritmo”, diz Laiane.

A maior parte do grupo é formada por iniciantes, e aquelas que têm mais experiência auxiliam as amigas para que elas melhorem gradativamente seu desempenho. “Dividimos dicas de alimentação durante a pedalada, manutenção, e buscamos sempre incentivar quem está começando a ir num ritmo mais devagar. Ficamos ao lado da pessoa que está com dificuldade para que ela veja que é capaz de superar seus limites. Somos muito unidas, uma ajuda a outra, compartilhamos experiências, momentos, não existe desistir no nosso vocabulário, existe insistir, e assim estamos acolhendo todas mulheres que querem fazer algo para aliviar o estresse diário de uma vida muitas vezes vivida mais para os outros do que para o bem-estar delas próprias”, disse Laiane. 

Laiane explica que todo o trajeto é combinado pelo grupo de WhatsApp. Elas fazem uma lista com o local de destino, a distância, e se será um treino (poucas pausas, o foco é em pedalar) ou passeio (mais tranquilo, parando diversas vezes para tirar fotos e descansar), “Marcamos então um horário e local de encontro, para sairmos todas juntas. Formamos vários passeios/treinos, em diversos horários, manhã, tarde e até a noite, para que cada uma se adapte como puder. Procuramos fazer caminhos que ainda não conhecemos, a maioria das vezes pedalamos por terra mesmo”.

O contato com a natureza, novas amizades, troca de experiências, superação dos limites, são alguns dos benefícios citados pelas ciclistas. “Sentir mais liberdade, mais alegria, conhecer novos lugares. Já ouvi vários depoimentos de meninas que disseram que o pedal ajudou muito na parte emocional, nas crises de depressão, de ansiedade, na disposição física, na autoestima. Tem dias que não estamos bem e o nosso grupo é praticamente uma terapia, uma sempre deixa as dores de lado para ajudar a próxima”, declarou Laiane.