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Dia do Trabalho será sem trabalho para muitas pessoas

Publicada dia 01/05/2021 às 10:10:26

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Thaís Balielo


No dia 1º de maio é comemorado o Dia do Trabalho, mas com o desemprego em alta, muitos não irão curtir o feriado. Por conta da pandemia muitos empregos formais estão desaparecendo. Os trabalhadores que perderam seus empregos com carteira assinada estão tendo que se adaptar como podem. Muitos estão vivendo de trabalhos esporádicos ou desenvolveram algum produto para vender. Muitas histórias já contadas pelo Atual na página de gastronomia, por exemplo, foram de pessoas que descobriram uma nova fonte de renda na cozinha durante a pandemia.

No entanto, apesar das histórias de sucesso com novas formas de renda, ainda há muitas pessoas a procura de emprego formal. No estado de São Paulo, de janeiro até março de 2021, o comércio perdeu 3.579 vagas formais, segundo dados do Caged. Em Santa Cruz os números são um pouco mais favoráveis com um saldo positivo de 18 vagas no comércio. A cidade perdeu trabalhadores formais principalmente na agricultura, deixando um saldo negativo de 761.

A operadora de caixa, Mariana Zacarelli Jubran, 36, é uma das pessoas que perdeu sua vaga no comércio. Ela conta que trabalha no comércio há oito anos e sempre notou que é o setor onde são gerados mais empregos. “Nunca vi um caso tão preocupante como hoje. Eu tenho dois filhos, moro sozinha com eles e a notícia de assinar um aviso para mim foi uma bomba. Um tempo atrás você era dispensada de um serviço, mas sabia que ia ter um tempo do seguro e logo conseguiria outro emprego, mas hoje a incerteza e preocupação é bem maior. O comércio está bem parado, há pouquíssima chance de ser contratada hoje devido a pandemia. Meu pensamento agora é começar a ter novas experiências e aceitar qualquer desafio”, diz.

A jornalista e mestre em educação, Fabíola Cunha, 37, também sentiu os efeitos da pandemia. Natural de São Pedro do Turvo, ela estava morando em Rio Claro e trabalhando como analista de marketing em uma metalúrgica de Limeira, desde janeiro de 2020. “Apesar dos pesares, vi ali a oportunidade de ganhar experiência em um segmento que não conhecia. Até então só havia trabalhado em jornais, sites, assessoria de imprensa e como redatora freelancer”, conta.

Em abril de 2020 chegou a trabalhar home office, devido à pandemia. Porém, em maio, já teve que voltar ao trabalho presencial e acabou contraindo Covid-19 na empresa. “Importante destacar que medidas de proteção e distanciamento só foram adotadas meses depois do início da pandemia, pois, a mentalidade da diretoria era a mesma do nosso presidente”, lamenta.

Fabíola conta que começou a apresentar problemas de saúde, precisou faltar alguns dias do trabalho e fez o teste de Covid por conta própria, já que a empresa não deu nenhum suporte. “A empresa apenas pediu discrição, pois outros funcionários estavam contaminados e um havia morrido. Meu teste indicou que eu tinha anticorpos, mas já não estava mais transmitindo a doença. Minha saúde piorou muito depois disso. Diversos problemas de pele, gástricos, um cansaço extremo e um quadro depressivo severo. Perdi muito peso entre agosto e setembro, era notável”, relata.

Foi então que em outubro, quando já se considerava melhor, foi demitida sob a alegação de cortes de gastos. “Eu residia em Rio Claro há 13 anos e já estava bastante descontente com o mercado de trabalho e com as perspectivas para a área de Comunicação. Como meus pais são idosos e eu sou filha única, decidi reorganizar meus objetivos e retornei à minha cidade natal para dar suporte a eles e, sinceramente, para melhorar minha qualidade de vida. Aqui, estou atuando como freelancer, como redatora, revisora, dando aulas de reforço para candidatos ao vestibular, etc”, conta.

Fabíola mudou de cidade e teve que se reinventar no mercado de trabalho durante a pandemia, mas acredita que acabou sendo positivo. “Minha qualidade de vida e minha saúde melhoraram muito depois que fui demitida. Ganhei peso, parei de fumar, durmo melhor, faço exercícios, voltei a ler. Acho que realmente precisamos repensar o que entendemos como trabalho e o quanto de nossas vidas é preciso abdicar para servir a um mercado que nos oferece tão pouco em troca”, pondera.