Sarna humana existe e é causada por ácaro

Thaís Balielo

A escabiose, também conhecida como sarna humana, é uma doença altamente contagiosa causada por um ácaro, o Sarcoptes scabiei, variedade hominis. Ela é extremamente frequente no Brasil, com aproximadamente 150 mil casos novos ao ano. O contágio se dá somente entre humanos, por contato direto com a pessoa ou com roupas ou objetos contaminados. Atinge todas as idades, desde bebês até idosos.

A dermatologista Ana Lúcia Beltrame conta que o parasita vive na superfície da pele e se alimenta de queratina, uma proteína da camada mais superficial da pele. A fecundação do ácaro ocorre ali mesmo, na superfície da pele e, logo após o macho morre, e a fêmea do parasita penetra na pele humana, cavando um túnel, por um período de aproximadamente 30 dias.

Após este período, deposita seus ovos. Quando eles eclodem, liberam as larvas que retornam à superfície da pele para completar seu ciclo evolutivo. Esse processo de maturação é de 21 dias. “Vale ressaltar que animais como gatos e cachorros não transmitem a sarna humana e eles apresentam outra variedade de sarna”, explica.

Ela revela que o principal sintoma da escabiose é a coceira, que é muito intensa, sendo pior à noite, quando a fêmea caminha nos túneis da pele e põe seus ovos. Também há vermelhidão na pele, com pequenos túneis e muitas pápulas (bolinhas) recobertas por crostas pequenas, vesículas (bolhinhas) e muitas áreas escoriadas, devido à coceira. As áreas afetadas geralmente são as regiões entre os dedos das mãos, punhos, axilas, mamas, genitais, virilhas e coxas, que são áreas quentes e abafadas do corpo. Podem ocorrer infecções secundárias nas lesões, devido à coceira intensa e escoriações.

Segundo a médica, o diagnóstico geralmente é feito clinicamente, durante uma consulta, através da avaliação das características das lesões da pele. “Em pessoas idosas, que usam cremes à base de corticoide ou tem baixa imunidade, essas lesões podem ser mascaradas ou confundidas com outras doenças de pele. Nesses casos, pode ser feita a pesquisa do parasita na pele através da coleta de material das lesões e avaliação no microscópio, ou até mesmo, em último caso, uma biópsia de pele nos casos mais difíceis”, explica.

O tratamento se dá com o uso de medicamentos para aliviar a coceira, como anti-histamínicos orais, e principalmente, medicamentos tópicos como cremes ou loções que contenham uma substância escabicida, que mata o ácaro, por toda a superfície da pele.

Como prevenção da doença é importante ter boas condições de higiene pessoal e manter a unhas sempre curtas. “Quando é diagnosticado um paciente com escabiose, todas as pessoas que moram na mesma casa ou que tiveram maior contato com ele devem ser examinados e tratados, para se interromper a cadeia de transmissão dessa parasitose”, diz.

Além disso, Ana Lúcia lembrou que é preciso um cuidado especial com as roupas desse paciente, que devem ser lavadas separadamente por 5 a 7 dias, secadas ao sol e passadas com ferro quente, para matar o parasita, além dos cuidados de limpeza da casa e do ambiente em que ele vive.