< Voltar

Jejum deve ser encarado como estratégia e não como dieta, alerta nutricionista

Publicada dia 21/07/2020 às 09:56:54

Arquivo Pessoal

jejum-deve-ser-encarado-como-estrategia-e-nao-como-dieta-alerta-nutricionista

Diego Singolani


Nos últimos anos, a prática do jejum intermitente tem ganhado cada vez mais adeptos. Passar alguns períodos de tempo sem comer, de acordo com especialistas da área, pode sim trazer benefícios, seja para perder peso, realizar um ‘detox’ ou até mesmo para ter uma melhor qualidade de vida. Porém, se realizado sem o devido acompanhamento profissional, o jejum pode causar sérios prejuízos à saúde, como adverte Emílio Marques Lima, nutricionista e engenheiro de alimentos, pós-graduado em nutrição esportiva e estética.

Apesar de ser um termo “da moda”, Emílio destaca que o jejum é algo utilizado há milênios por diversas culturas e religiões. Atualmente, muitas pessoas adotam a prática como dieta, mas desde a década de 1920 o jejum é estudado como uma estratégia, sobretudo para pacientes diabéticos. “Esse é o nome que deve ser dado ao jejum intermitente: uma estratégia, e não uma dieta. Hoje está em alta pelo fato de ser uma estratégia ‘mais fácil’ de se realizar para alguns, pois, basicamente, você precisa se privar da alimentação por um período pré-determinado de tempo, podendo se alimentar no restante do dia - na chamada janela”, diz o nutricionista. De acordo com o especialista, esta restrição calórica faz com que o corpo utilize estoques de energia - glicogênio muscular e gordura, levando a perda de peso. Porém, Emílio alerta para os riscos de se realizar o jejum de maneira inadequada. “Se alimentar de forma altamente calórica ou volumosa durante a janela do jejum, fazendo com que seu corpo ultrapasse as calorias necessárias diárias, vai gerar acúmulo de gordura ao invés de perda. Mas o maior problema, a meu ver, é a possibilidade de desenvolver transtornos alimentares, pois a privação de alimento faz com que o nosso cérebro, no período de alimentação, solicite alimentos que disponibilizam energia de forma mais rápida  para o corpo, podendo até desenvolver uma Diabete Mellitus tipo 2 (DM2). Mas como eu disse, é uma estratégia válida, sim, quando utilizada de forma planejada (principalmente por um nutricionista) e por um período de tempo determinado, podendo auxiliar no controle da resistência periférica à insulina e em pacientes com tendência a DM2”, afirma o profissional.

Emílio salienta ainda que as pessoas que querem perder peso devem evitar o extremismo e privações exageradas. “Entenda que você poderá ter bons resultados comendo bem e sem passar fome. Saiba que, em média, 80% dos meus pacientes chegam até mim com restrição calórica muito grande, ou seja, mesmo comendo pouco estão engordando. Mas este é um mecanismo de defesa do nosso corpo, reduzindo nosso metabolismo para o pouco de alimento que lhe é fornecido. Isso pode até desencadear um hipotireoidismo. Por isso, busque ajuda de um profissional nutricionista, não coloque sua saúde em risco. As pessoas também podem desenvolver um hábito alimentar saudável buscando fontes confiáveis de informação. Por exemplo, nutricionistas que compartilham em suas redes sociais dicas valiosas. Eu faço isso no meu Instagram @nutri.eng.emilio e no Facebook Nutricionista Emílio”, disse.