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Gravidez na adolescência continua ocorrendo

Publicada dia 12/07/2019 às 10:28:23

Thiago Mazzante

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Apesar dos índices de gravidez na adolescência terem diminuído nos últimos anos em diversos países, no Brasil estes números aumentaram em alguns estados. O ginecologista Lucas Tosi relatou que, no Brasil, observou-se aumento na proporção de nascimentos em mães menores de 20 anos ao longo da década 90, quando os percentuais passaram de 16,38% em 1991 para 21,34% em 2000 e atingiram quase 25% em 2010. Ele ressaltou que é preciso observar os índices em cada estado e entender a cultura de cada lugar.

O médico lembra ainda que vem havendo uma maturidade sexual precoce devido às mudanças culturais com uma ampla liberalização do conteúdo sexual em mídias como TV e internet. “Este contexto não foi acompanhado por uma discussão de valores associados ao corpo, à sexualidade e aos papéis sexuais e de gênero presentes em nossa sociedade”, afirma.

Outra informação relevante é que, na década de 80, as mulheres menstruavam, em média, aos 14 anos. Após os anos 2000, a média passou a ser 10-11 anos. “Fisiologicamente e biologicamente, a mulher se encontra “pronta” para engravidar a partir da menarca (1ª menstruação). Os problemas e riscos se devem principalmente a características sociais e psicológicas típicas da adolescência”, argumenta.

Lucas lembra que o conhecimento sobre os métodos contraceptivos e os riscos advindos de relações sexuais desprotegidas é fundamental para que adolescentes possam vivenciar o sexo de maneira adequada e saudável, prevenindo não só a gravidez indesejada, mas também as doenças sexualmente transmissíveis (DST), incluindo a infecção pelo HIV.

“No que tange à saúde do bebê, a gestação na adolescência encontra-se associada a situações de prematuridade, baixo peso ao nascer, morte perinatal, epilepsia, deficiência mental, transtornos do desenvolvimento, baixo quociente intelectual, cegueira, surdez, aborto natural, além de morte na infância”, revela.

Para Lucas, as propostas de intervenção, tanto na área médica, como na psicológica ou socioeducativa com essas adolescentes devem igualmente priorizar o significado da gravidez e suas implicações subjetivas e culturais, para que sejam obtidos resultados mais eficazes. “O que proporcionaria um aumento do número de gravidezes planejadas e uma diminuição do número de gravidezes acidentais”, diz.

O médico afirma que cabe ao Estado pensar em medidas preventivas, sendo de fundamental importância a presença do psicólogo, professor, pedagogo, agentes sociais, médicos, no dia a dia das adolescentes e de suas famílias: nas escolas, nos hospitais e nas associações comunitárias, além de ampliar o número de cargos oferecidos a esses profissionais nessas instituições.