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Depressão tem atingido cada vez mais professores

Publicada dia 22/05/2019 às 12:43:34

Thaís Balielo

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Uma pesquisa divulgada pela GloboNews afirmou que o número de professores de escolas estaduais afastados por transtornos mentais ou comportamentais aumentou muito nos últimos anos. De acordo com a apuração, no ano de 2015, cerca de 25.849 professores apresentaram algum tipo de transtorno psiquiátrico desde moderado a grave. Em 2016 esse números chegou a 50.046.

O receio quanto ao futuro como docente é um gatilho ao desencadeamento de transtornos mentais graves do tipo depressão, transtorno bipolar, crises de ansiedade e síndrome do pânico. Dentre estes, o mais grave é a depressão, pois mais de 90% das pessoas que optaram pelo suicídio apresentaram quadros agudos de depressão.

Professor e ex-diretor de escola, Rogério Pegorer Plina conhece o problema de perto. Ele acredita que os professores estão adoecendo por conta de múltiplos fatores. “O mais visível corresponde ao salarial, onde a sua remuneração média alcança apenas cerca de 60% da media salarial de outras classes em que há a exigência de ensino superior para ingresso. Dentro do sistema educacional, constantes são os casos em que o professor tem de lidar com a falta de requisitos mínimos de civilidade e educação de parte dos alunos, assim, lida com desobediência generalizada, ataques verbais e em alguns casos ameaças físicas e morais”, pondera.

Outra pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com mais de 100 mil professores e diretores de escolas do segundo ciclo de ensino fundamental revela que o Brasil é o país que tem o maior índice de violência contra professores.

“Os problemas em sala de aula, de comportamento ou pedagógicos, se acumulam e existe muitas vezes pouca disposição do sistema em resolvê-los. Como há pouco comprometimento por parte considerável dos alunos, as aulas ministradas estão sempre abaixo do possível, tendo o professor que "nivelar por baixo”. Voltar pra casa para um professor é exercício de resignação e muitas vezes de sentimento de frustração”, afirma Plina.

Outra pesquisa denominada Trabalho Docente na Educação Básica do Brasil revela que depressão, ansiedade, nervosismo e estresse são algumas das principais causas que levam ao afastamentos de professores.

“Resta pouca motivação aos profissionais de educação. Eles se veem tolhidos em seus sonhos de educação e adoecem pela incapacidade de realizá-los. Muitos colegas deixam a profissão, ou permanecem em licença médica devido ainda a insultos de alunos e pais de alunos. A maioria está buscando novas opções e sonham com novas carreiras, onde sejam mais respeitados”, relata o professor.

Plina pondera ainda que entre todos os profissionais existe um respeito social. “Médicos, engenheiros, pedreiros, terapeutas em geral, dificilmente são contestados em seus exercícios. No caso dos docentes, essa mesma sociedade se põem no direito de julgar, interferir e, o pior, dizer o quê e como se deve professar em sala de aula”, lamenta.