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Profissões consideradas diferentes envolvem desafios e preconceitos no dia a dia

Publicada dia 02/05/2018 às 12:34:40

Carol Leme

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O Dia do Trabalho, também conhecido como Dia do Trabalhador, é comemorado em 1º de maio. No Brasil e em vários países do mundo é um feriado nacional, dedicado a festas, manifestações, passeatas, exposições e eventos reivindicatórios e de conscientização. 

Entre tantas profissões diferentes, o que há em comum com todas é que cada trabalho tem seu desafio. Algumas mais que outras, como o caso de um agente funerário, que atua na preparação dos corpos para velório e enterro.

Thiago de Oliveira, que está na profissão há 12 anos, conta que começou a trabalhar em funerária como auxiliar de escritório, mas um dia foi convidado para exercer a função de agente e percebeu que seria um trabalho adequado para ele, devido a sua formação em enfermagem.

No entanto, a estranheza veio dos familiares. “Muitos da família questionavam no início se eu não tinha medo de trabalhar em funerária, se conseguia me alimentar e dormir normalmente, e a única coisa que eu respondia era que é um serviço como qualquer outro, basta ter coragem”, relata.

 Mas apesar da positividade, Thiago se lembra que seu primeiro trabalho não foi algo tão fácil quanto imaginava. “No começo foi um negócio muito chocante, tanto que o primeiro serviço que fiz foi buscar o corpo de uma senhora que estava desaparecida há 10 dias e, quando deparei com a cena foi um impacto, porque mesmo que na faculdade já tivesse visto corpos, a situação era muito diferente. Mas o susto foi de imediato, não impediu meu trabalho, e quando cheguei em casa já tinha até esquecido”, relembra.

Histórias como essa não faltaram nesses doze anos de carreira, Thiago conta que foram vários acidentes como atropelamentos, enforcamentos, e com isso, foi aprendendo a lidar com as circunstâncias. “Tenho que ter o psicológico muito preparado, porque em casos como esses, tenho que realizar o meu trabalho e algumas vezes ainda consolar famílias. Mostrar frieza nessas horas significa profissionalismo, porque revela a confiança que podem ter no nosso trabalho”, afirma.

É comum acidentes comoverem o público e Thiago conta que um deles chegou a mexer com ele. Como o que aconteceu em Santa Cruz no início do ano passado, quando uma criança de 2 anos morreu afogada no tanque de lavar roupas de sua casa. “Eu nem cheguei a ver a cena, busquei o corpo no IML, mas ver a criança mexeu muito comigo, pois associei com o meu filho que tem a mesma idade e estuda na mesma escola que o menino estudava. Acabaram mandando fotos em um grupo que eu estava no WhatsApp e eu fiquei com a imagem na cabeça durante uns 4 dias”, revela. Apesar desses desafios o agente não pensa em mudar de profissão, já que aprendeu a superar as dificuldades.

Por falar em dificuldades, quem escolhe uma profissão um tanto quanto diferente, muitas vezes é recebido com preconceito e incertezas pelos conhecidos.

É o caso do jogador de pôquer Felipe Araújo, 28, que conta que esta não foi uma escolha fácil. “Sofri preconceito quando comecei, sofro até hoje e, infelizmente, acho que nunca vai deixar de ter. Pelo menos não enquanto as pessoas considerarem o pôquer como apenas jogo e não um esporte” opina.

Assim como outros esportes o jogador conta que algumas circunstâncias já fizeram pensar em desistir. “Tenho medo do futuro em épocas que perco mais do que planejava, mas acabo me motivando até por acreditar que outros jogadores de qualquer esporte se sentem do mesmo jeito”, relata.

Além disso, ele considera que é importante se dedicar para popularizar o conceito sobre o esporte. “Atualmente, além de jogar, dou aulas para jogadores iniciantes e, por hora, meu desafio é tentar ajudar o máximo de pessoas que se interessam”, diz.

Ao longo da carreira, Felipe reúne muitas premiações, inclusive já foi considerado o 20º melhor jogador do pôquer na modalidade online no Brasil. “É difícil contar, mas até hoje, diria que a maior premiação foi em 2015, em um evento online que me rendeu 9.500 dólares algo em torno de R$ 28 mil na época”, detalha.

O jogador conta que para melhor empenho pretende investir em cursos para continuar se dedicando à profissão. “Minha maior motivação é quando penso que vou trabalhar o dia todo no que mais gosto de fazer, por isso não me vejo parando tão cedo”, finaliza.