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Moradores da Bom Jardim seguem sem respostas após vazamento de amônia em frigorífico

Publicada dia 19/09/2020 às 11:15:58

Isadora Iaroseski

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Diego Singolani


Seis dias após um grande vazamento de amônia causar desespero nos moradores da Vila Bom Jardim, em Santa Cruz do Rio Pardo, a população do bairro segue sem nenhuma posição da empresa responsável ou do Poder Público sobre o que aconteceu e se há risco do episódio se repetir. Dezenas de pessoas passaram mal com o forte cheiro que se espalhou pelo ar. Algumas precisaram de atendimento emergencial. Houve alerta para risco de explosão, porém, nem a Defesa Civil apareceu para dar suporte às famílias.

Era por volta das 20 horas do domingo, 13, quando o odor que já vinha incomodando os moradores há pelo menos uma semana se tornou insuportável. Percebendo que algo estava errado, várias famílias da Bom Jardim saíram das casas e se aglomeraram nas calçadas, enquanto tentavam acionar o Corpo de Bombeiros. Muitas pessoas relataram dificuldade para respirar e dor de cabeça. Outras, mais debilitadas, vomitavam. A fonte do cheiro nauseabundo, todos sabiam, era o frigorífico Itajara, localizado bem ao lado do bairro. 

A causa do problema, soube-se minutos depois, quando os bombeiros já estavam na empresa, foi um grande vazamento de amônia, produto geralmente utilizados em sistemas de refrigeração industrial. A "nuvem" tóxica foi tão intensa, que moradores de outras regiões mais afastadas sentiram os efeitos. A amônia é uma substância perigosa, corrosiva para a pele, olhos, vias aéreas e pulmões. 

Nas redes sociais, começaram a surgir mensagens de pessoas perguntando o que estava acontecendo, de onde vinha aquele cheiro. A população da Bom Jardim não sabia o que fazer e pedia socorro. "O bombeiro passou, quando ia para o frigorífico, e disse para entrarmos nas casas. Mas como a gente ia entrar se o cheiro estava insuportável, sem ventilação?”, afirmou Daniele Silva, moradora da vila. A tensão aumentou quando um dos bombeiros que estava atuando para conter o vazamento de amônia publicou em suas redes sociais um alerta para o risco de explosão, pedindo para que as pessoas evitassem a região. A mesma informação foi compartilhada pelo secretário municipal de Comunicação, Claudio Antoniolli, em seu perfil no Facebook. Enquanto isso, nenhum técnico do frigorífico, ou um representante da Defesa Civil, ou mesmo uma equipe da secretaria de Saúde apareceu para organizar e orientar os moradores.

De acordo com Daniele Silva, passado um tempo, o proprietário do Itajara, Ronaldo Rodrigues Alves, chegou ao local e disse que a situação estava resolvida. “Ele falou que era um vazamento. Ainda perguntou para mim se o mau cheiro já tinha acontecido antes. Eu o questionei. Como dono, como ele não sabia de um vazamento na empresa dele?”, declarou. 

Após a confirmação de que o vazamento havia sido contido, o forte cheiro de amônia ainda permaneceu por horas no ar, madrugada a dentro. Alguns vizinhos procuraram socorro na UPA. “Nós queremos uma posição. Tem que regularizar isso. O mau cheiro de amônia já estava vindo do frigorífico desde a semana passada, principalmente a noite. Domingo foi o pior momento. Agora, como a gente fica trancado dentro de casa, com esse calor, com a nossa saúde em risco?”, diz Daniele.

Sem respostas

O Atual entrou em contato com o proprietário do frigorífico Itajara, Ronaldo Alves, oferecendo espaço para que a empresa se manifestasse. Até o fechamento desta reportagem, não houve retorno.

Também foram enviados questionamentos à Prefeitura através da secretaria de Comunicação sobre a aparente omissão da Defesa Civil, Vigilância Sanitária e do setor de Saúde, de maneira geral, principalmente ao não destacarem nenhuma equipe para orientar os moradores durante o incidente. A resposta enviada pela secretaria de Comunicação foi a seguinte:

“Felizmente o problema não foi tão grave como mencionado em redes sociais, a UPA não recebeu ninguém com intoxicação, o SAMU não teve nenhum chamado para atendimento naquele local no domingo à noite. Em relação à fiscalização daquela empresa, não cabe a Vigilância Sanitária e sim a órgãos estaduais, como Cetesb, por exemplo".

O Ministério Público ainda não havia sido notificado sobre o caso, o que deve acontecer nos próximos dias.