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Uso prolongado da máscara pode causar alterações na pele

Publicada dia 11/09/2020 às 13:38:03

Thaís Balielo

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Diego Singolani


As máscaras se tornaram imprescindíveis em todo o mundo para evitar a disseminação do novo coronavírus. Durante a pandemia, o uso do equipamento passou a ser obrigatório em vários locais, não só para os profissionais de saúde, mas para a população em geral.  A utilização prolongada do acessório, entretanto, pode causar alguns efeitos adversos na pele, como alerta a médica dermatologista Ana Lúcia Beltrame Gaspar.

O aparecimento ou agravamento de alterações como oleosidade, acne, dermatites, rosácea, inflamações, ressecamento, descamação, entre outras, pode estar ligado ao uso prolongado da máscara. “A mais frequente reação é conhecida por Maskne – o termo derivado do inglês Mask’s acne –, que é a acne causada ou piorada pelo uso da máscara. Quando uma pessoa respira ou fala, sua máscara tende a reter muito ar quente. Além de irritante, esse ar cria um ambiente quente e úmido, fazendo com que as glândulas sebáceas aumentem a oleosidade da pele, justamente na região em que a máscara é utilizada, formando um cenário ideal para o aparecimento de acne, com comedões (cravos) e espinhas na região do queixo, mandíbula  e toda região superior da maçã do rosto”, explica Ana Lúcia. De acordo com uma pesquisa publicada no Journal of the American Academy of Dermatology (JAAD), pelo menos 83% dos profissionais de saúde em Hubei, na China, sofreram de problemas de pele no rosto. Cerca de 70% também relataram pele seca e descamação na região do rosto coberta pela máscara. 

Para se evitar a acne com o uso das máscaras, a especialista recomenda uma boa limpeza diária da pele, seguida pela hidratação. “Lavar o rosto com sabonete adequado ao seu tipo de pele (oleosa, mista, normal ou seca) duas  vezes ao dia; A pele deve estar sempre limpa e seca antes de colocar a máscara; Hidratar o rosto com um creme próprio para a face e de acordo com o tipo de pele antes de colocar a máscara ajudará a evitar o atrito e pressão; Para peles oleosas, devem-se aplicar produtos oil-free à base de silicone antes de colocar a máscara, pois gera um filme de proteção na pele; Não use maquiagem quando usar a máscara para não piorar a obstrução dos poros; Evitar lavar o rosto com água quente e não usar produtos irritantes na pele; Podem-se fazer compressas calmantes após a retirada das máscaras, por 20 minutos, desde que já tenha sido feita a higienização adequada da face. Após, a aplicação de um hidratante adequado ao tipo de pele também ajuda na sua recuperação”, são as principais dicas da médica para os cuidados com a pele.

Quanto às máscaras, elas devem ser de uso individual e descartadas. Já as caseiras, devem ser confeccionadas com tecido macio, de preferência algodão, para não irritarem a pele. Após o uso, é necessária sua lavagem adequada, tomando-se o cuidado para eliminar qualquer resíduo de produtos que possam irritar a pele. “Também se deve evitar o atrito da máscara com a pele durante o seu uso, e, uma vez colocada, a pessoa não deve retirá-la com frequência para falar, comer ou beber algo, assim como não deve coçar ou tocar o rosto. E se a pele estiver machucada, produtos específicos indicados por um dermatologista devem ser utilizados, tanto para o momento do uso da máscara quanto para o tratamento das lesões, de acordo com cada caso”, afirma a Ana Lúcia. 

Fatores emocionais também podem interferir no surgimento de alterações na pele. A situação de insegurança e mudança de rotina gerada pela pandemia leva ao estresse, que por sua vez, origina um desbalanço hormonal, aumentando a produção de cortisol, hormônio que piora a oleosidade da pele, favorecendo a formação de espinhas. Além disso, atua como gatilho nas vias imunológicas inflamatórias, também importantes para o desenvolvimento de acne e de outras doenças de pele. “Outras queixas muito frequentes durante o período de isolamento, e que também estão associadas ao estresse, são a queda de cabelos e dermatite seborreica, sem falar na piora de doenças cutâneas pré-existentes, como psoríase e vitiligo, por exemplo”, revelou a dermatologista.