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Uso indiscriminado de medicamentos pode causar hepatite

Publicada dia 12/05/2021 às 15:21:17

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Thaís Balielo


A hepatite medicamentosa é uma grave inflamação do fígado causada pelo uso prolongado de alguns tipos de medicamentos, especialmente aqueles que têm capacidade para causar irritação do fígado, como o Paracetamol ou a Nimesulida, o que pode resultar em hepatite aguda ou hepatite fulminante, por exemplo. Esta doença teve um aumento de casos recentemente, o que está sendo atribuído ao uso de medicamentos como ivermectina, que é um remédio contra parasitas e que foi difundido como preventivo à Covid-19. O médico Paulo Sérgio Marcato falou com o Atual sobre o assunto.

Ele explicou que o desenvolvimento da hepatite medicamentosa pode estar relacionada, em alguns casos, com o uso em excesso de alguns medicamentos ou com a sua toxicidade, o que faz com que o remédio atinja diretamente as células do fígado. Em outros casos, a hepatite medicamentosa pode acontecer devido à hipersensibilidade da pessoa a determinado medicamento. Vale lembrar que a hepatite medicamentosa não é contagiosa, sendo somente causada pelo uso de substâncias que prejudicam o funcionamento do fígado.

Marcato citou alguns medicamentos mais comuns que estão relacionados à hepatite medicamentosa como os anti-inflamatórios (nimesulida), antitérmicos e analgésicos (paracetamol), os antidepressivos tricíclicos, antiacne (roacutan), entre outros.

Sobre os casos que têm sido relatados associando-se uso de medicamentos para prevenção/tratamento da Covid com hepatite medicamentosa, o médico alertou para o risco de utilizar medicação sem a prescrição médica e fora da dosagem recomendada pelo laboratório fabricante.

“No futuro, em função dos inúmeros estudos sobre a doença mundo afora, deveremos ter a droga ideal, na dose ideal, pelo tempo ideal de uso na prevenção e tratamento dessa doença, mas ainda não temos”, lembrou.

A ivermectina é um vermífugo, eficaz contra parasitas, mas não tem resultado comprovado contra a Covid-19, como atestou o próprio laboratório que o criou, Merck. Em comunicado distribuído em fevereiro, a empresa informa não haver evidência de que o produto funcione contra a infecção causada pelo novo coronavírus.

Sobre os sintomas da hepatite medicamentosa, Paulo elencou astenia (perda ou diminuição da força física), perda do apetite, febre baixa constante, alteração da cor da urina (cor escura), e amarelamento dos olhos. O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais e biópsia hepática.

 O tratamento inicial é a imediata suspenção da medicação. Os casos graves podem evoluir para insuficiência hepática e podem necessitar de transplante de fígado, outra parte do tratamento é o acompanhamento clínico para detectar uma possível evolução para hepatopatia crônica.