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Nutrição é fator protetivo do desenvolvimento cerebral

Publicada dia 18/03/2021 às 10:15:49

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Thaís Balielo


A alimentação tem papel fundamental no crescimento e desenvolvimento dos bebês desde a vida intrauterina. A nutricionista materno-infantil, Michele Kampf Dierka, explicou que existem evidências consolidadas de que os primeiros 1.000 dias, contados desde o primeiro dia de gestação até o segundo ano de idade, são os dias mais importantes na vida de uma criança na perspectiva do neurodesenvolvimento.  “As consequências deste período podem repercutir ao longo de toda a vida, sejam elas positivas ou negativas”, afirma.

Neste sentido, entende-se que nesta fase é importante cuidar da alimentação tanto das gestantes quanto das crianças. É importante que tenham acesso a todos os nutrientes necessários, como vitaminas e minerais, além de evitar consumir alimentos industrializados, com grandes quantidades de componentes químicos (entre corantes, conservantes, estabilizantes, etc). Ela explicou que estudos comprovam o impacto em longo prazo que esses alimentos podem causar no cérebro destas crianças que estão em pleno desenvolvimento.

O impacto de uma nutrição adequada ocorre tanto a nível estrutural, quanto a nível funcional. A profissional lista como nutrientes importantes as proteínas, as gorduras boas, o zinco, o ferro, o ácido fólico, o iodo e vitaminas A, D, B6 B8 e B12.

“O melhor alimento que se pode ser oferecido para uma criança neste período, quando possível, é o leite materno. Ele é a melhor fonte de qualquer nutriente, além de fatores de crescimento, probióticos, células de defesa, entre outros benefícios que somente ele possui. Lembrando que a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é amamentação exclusiva até os seis meses e, após esse período, mesmo com a introdução alimentar, é aconselhado que ela seja mantida até os dois anos ou mais”, aconselha.

De maneira geral, a nutricionista afirma que não existe uma fórmula exata do que se deve comer, pois isso depende da individualidade de cada criança, mas é possível listar os alimentos que devem ser evitados e os alimentos que devem ser priorizados.

Evitar - Todos os alimentos processados, ricos em componentes químicos e que têm um valor nutricional muito baixo. Eles acabam ocupando espaço de alimentos saudáveis e ricos em nutrientes. Como exemplos ela cita chocolates e doces em geral, refrigerantes, biscoitos (recheados ou não), iogurtes adoçados, farináceos, salame, salsicha, peito de peru, presunto, linguiça, macarrão instantâneo, nuggets, pipoca de micro-ondas, salgadinhos, e fast food.

Priorizar – Como bons exemplos, Michele cita alimentos in natura ou minimamente processados, que são ricos em vitamina, minerais, proteínas e gorduras de boa qualidade, como frutas, verduras, legumes, feijões e outras leguminosas, batatas e outros tubérculos, arroz e outros cereais, laticínios (não são recomendados para menores de 1 ano), carnes de modo geral (principalmente peixe), ovos, oleaginosas e outras sementes.

“Podemos dizer que para oferecer às crianças uma alimentação saudável e adequada que vá favorecer o seu crescimento e desenvolvimento cerebral precisamos oferecer comida de verdade, in natura. Ainda assim, é fundamental que as crianças façam acompanhamento com pediatra e quando observados quaisquer atrasos no desenvolvimento, carências nutricionais ou dificuldades alimentares, deve ser traçado um plano de ação para que não haja consequências futuras”, recomenda.

A nutricionista salienta ainda que, desde muito pequenas, as crianças se espelham em seus pais ou cuidadores. Portanto, a rotina alimentar da família deve servir como exemplo.