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Interdisciplinaridade é importante para diagnóstico de autismo

Publicada dia 24/02/2021 às 10:27:00

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Thaís Balielo


O diagnóstico de autismo, ou TEA (Transtorno do Espectro Autista) não pode ser feito através de algum exame de sangue ou de imagem. Para um médico conseguir concluir este diagnóstico e traçar o plano de ação das intervenções necessárias é preciso uma avaliação interdisciplinar.

Na Clínica Integrar de Santa Cruz do Rio Pardo esta avaliação é feita pela fisioterapeuta Aleteia Rodrigues, a fonoaudióloga Jocy Ellen Sartori Doná, a psicóloga analista do comportamento Carine Ramos de Oliveira-Franco, e a terapeuta ocupacional Tamires Oliari Bueno Ribeiro. Após as avaliações, a médica neuropediatra, Ellen Balielo Manfrin, pode fechar o diagnóstico.

Aleteia explicou que foram selecionados protocolos padronizados utilizados internacionalmente para que consigam avaliar cada habilidade da criança. “Conseguimos avaliar comportamento. Como que ela se manteve durante a avaliação, comportamento que tem em casa, como ela entende as coisas que solicitamos, como entende as coisas que acontecem ao seu redor. Conseguimos uma avaliação bem detalhada de tudo que a criança realiza e quais são as potencialidades e atrasos que possui. Com isso iremos direcionar se ela vai precisar de uma intervenção, quais são os atrasos que temos que focar mais e traçar um plano de ação”, diz.

Nesta avaliação interdisciplinar, a fisioterapeuta é responsável por observar as habilidades de motricidade grossas, a capacidade de executar algum movimento. “Trabalhamos com abordagens específicas para cada caso. Elas são baseadas na Análise Aplicada do Comportamento, Integração Sensorial e Conceito Neuroevolutivo Bobath”, explica Aleteia.

A fonoaudióloga Jocy faz a análise da comunicação e da socialização. “Os protocolos servem para nortear o nosso trabalho. Indicar o que fazer para a família. O diagnóstico é dado pelo médico. A nossa avaliação endossa este diagnóstico. Como trabalhamos com interdisciplinaridade este diagnóstico e dado junto”, argumenta.

A contribuição da psicóloga Carine é dentro dos critérios de comunicação social. “Entendendo como a criança se coloca no mundo, nos padrões restritos de interesse e de comportamento avaliando o quanto isso interfere no desenvolvimento da criança e na avaliação da cognição e desempenho intelectual auxiliando em diagnósticos diferenciais”, diz.

A terapeuta ocupacional Tamires contribui com a parte sensorial para esta avaliação. “Verificar se é hiper ou hiposensível. Uso protocolos e raciocínio clínico vendo como a criança reage dentro do espaço de integração sensorial. Também avalio a coordenação motora fina. Vou olhar as estruturas dos membros superiores, o que essa criança consegue fazer, o que ela não consegue. Sempre pensando na funcionalidade das mãos. Dentro do desenvolvimento infantil vou ver qual o grau de dependência e independência que ela realiza suas atividades. Além da criança sair com uma suspeita ou um diagnóstico de TEA, conseguimos traçar o que ela vai precisar para se desenvolver. Para ter uma independência, para conseguir viver bem em nossa sociedade. Indicamos o plano terapêutico para adquirir o que precisa para esse desenvolvimento”, pontua.

Avaliação é dividida em dois grupos por faixa etária

A fisioterapeuta Aleteia Rodrigues explicou que a avaliação interdisciplinar para o diagnóstico de TEA é dividida em duas categorias. A avaliação de crianças de zero até três anos segue um tipo de protocolo de testes. Já para as crianças com mais de três anos são outros testes. Além disso, para as crianças menores não é possível concluir o diagnóstico, apenas é feito um direcionamento de intervenções, ou apontamento de potencialidades e atrasos das crianças. Já nas maiores de três anos, é possível sugerir um diagnóstico que é fechado pelo profissional médico do caso.

O TEA é caracterizado pela alteração social e de comunicação. “Nas crianças abaixo de três anos essa alteração pode aparecer em outros transtornos também. Se, por exemplo, a criança tiver um transtorno de linguagem, ela terá alteração na comunicação e na socialização da mesma forma que o TEA. Então não temos como confirmar que essa alteração é autismo nesta idade”, explica.

Mesmo sem o diagnóstico conclusivo, esta avaliação consegue identificar as potencialidades e os atrasos da criança. “Temos como objetivo principal a necessidade de direcionar essa família. Acreditamos na necessidade da intervenção precoce. Com esse protocolo a gente consegue avaliar cada detalhe desta criança. Conseguimos identificar riscos para um possível diagnóstico de autismo ou um possível diagnóstico diferencial”, diz a fisioterapeuta.

Para crianças acima de três anos são outros tipos de testes, outros protocolos de avaliação. “Primeiro a gente capta todas as informações que rodeiam esta criança, depois aplicamos os nossos testes específicos. O momento mais importante é a devolutiva com a família. Passamos as nossas observações, colhemos as expectativas da família, e então direcionamos essa família para um possível tratamento. No entanto, a criança não precisa do diagnóstico fechado para começar uma intervenção. Ela precisa de uma avaliação detalhada para saber por onde começar”, afirma.