Como os pais devem lidar com a orientação sexual de seus filhos? Entenda

Giovana Dal Posso

Apesar de determinados assuntos estarem deixando de ser um tabu, o fato de um filho fugir do "padrão" da heteronormatividade costuma ser uma surpresa, e um choque, para muitos pais. Então qual é a melhor maneira dos pais lidarem com essa situação?

Segundo a psicóloga Luciana Camilo, o primeiro passo é buscar responder com amor, acolhimento e aceitação. “É importante que os pais lembrem que o filho está compartilhando um aspecto fundamental de sua identidade, e a reação acolhedora dos pais pode ser fundamental para o bem-estar emocional dos filhos. Mostrar que está presente e que sempre estará ao lado dele tende a gerar conexão entre pais e filhos. A orientação é que os pais ofereçam um espaço seguro para o filho ou a filha falarem sobre os sentimentos, dúvidas e experiências”, explica.

Muitas vezes, o processo de se descobrir e se aceitar também pode ser muito difícil para a pessoa. Nesses casos, Luciana diz que é fundamental que os pais busquem informações para entender melhor o que significa fazer parte da comunidade LGBTQIA+, aprendam sobre essas experiências e desafios e se sensibilizem para suas vivências. “Deve-se respeitar o ritmo dos filhos em relação a revelar a identidade para outras pessoas e não o pressione a tomar decisões precipitadas”, complementa. 

Por ser um período complicado para os pais, ela diz que é compreensível que eles possam ter dificuldade em lidar com essa situação, e nesse caso, é recomendado procurar ajuda profissional de psicólogos ou grupos de apoio que possam oferecer suporte e orientação para os pais de jovens LGBTQIA+.

Mas o que não se deve fazer? “Alguns pais podem reagir negando ou minimizando os sentimentos do filho, o que pode ser prejudicial. Ignorar a identidade dele ou tentar convencê-lo de que é apenas uma fase pode levar a sentimentos de isolamento e rejeição. Não se deve ter reações agressivas ou punitivas, já que isso pode causar danos emocionais significativos. Além disso, devem evitar fazer comentários preconceituosos sobre a comunidade. Isso pode afetar profundamente o bem-estar emocional dos filhos e prejudicar o relacionamento entre eles, afastando-os”, esclarece a psicóloga. 

Muitos pais desconfiam da orientação sexual de seus filhos, podendo até questioná-los sobre o assunto, mas muitas vezes eles não se sentem confortáveis o suficiente para compartilhar com genitores. Luciana explica que então é necessário criar um ambiente de segurança e conforto, o que requer esforço contínuo dos pais. “É importante garantir aos filhos que o amor dos pais independe de sua orientação sexual. Isso deve ser reforçado por meio de palavras e ações que mostrem apoio e aceitação; evitar julgamentos e estereótipos; reconhecer que pode levar tempo para que os filhos se sintam confortáveis em compartilhar sua orientação sexual. Paciência e compreensão durante esse processo são essenciais”, finaliza.