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Andadores são prejudiciais para fases do desenvolvimento de crianças

Publicada dia 30/01/2018 às 18:06:57

Carol Leme

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Muito comuns para bebês de 6 a 15 meses que estão na fase entre o engatinhar e o andar, os andadores, apesar de bonitinhos e aparentemente inofensivos são na verdade prejudiciais para as crianças. É o que explica a fisioterapeuta Tatiane Menegazzo de Moraes, que desaconselha o uso dos andadores por estes induzirem os bebês a pularem etapas do desenvolvimento. “Muitos pais não conhecem a importância de o bebê passar por todas as fases naturais do desenvolvimento, como se arrastar, engatinhar e somente depois andar, que são extremamente importantes. Se formos respeitar as fases do desenvolvimento normal e fisiológico o andador não deveria ser utilizado, já que o estimula a pular fases que antecedem o andar e que são de extrema importância, ou, em caso dele já engatinhar, o andador acaba por acelerar a fase do andar, o que reduz o tempo que precisaria engatinhar para colher todos os benefícios dessa fase”, completa.

A fisioterapeuta afirma que o ideal é deixar a criança passar naturalmente por todas as etapas e desenvolver a marcha no período em que o corpo estiver pronto e maduro para adquirir sozinho essa nova habilidade. Segundo Tatiane, os movimentos que antecedem o andar são imprescindíveis, como o engatinhar, que participa do desenvolvimento da visão (de longe e de perto), do tato, da fala e do equilíbrio. “O engatinhar é uma das bases do desenvolvimento cerebral, criando rotas de informações neurológicas entre os hemisférios, facilitando a passagem de informação de um hemisfério para o outro, permitindo amadurecer funções cognitivas”, explica. Além disso, o engatinhar ajuda a fortalecer e desenvolver o músculo dos braços, pernas, costas e pescoço assim como as articulações de todo o corpo. “Assim, o corpo do bebê fica pronto estruturalmente para a recepção do peso corporal, e quando isso acontecer, o andar acontece de forma espontânea e natural”, acrescenta.

A osteopata detalha que, se a criança pular as fases de desenvolvimento, problemas podem ser apresentados no futuro, como alterações de pisada, posturais ou até mesmo dor.

Etapas corretas

De acordo com Tatiane, o marco do desenvolvimento motor segue algumas etapas, por exemplo, primeiro o bebê precisa sentar sozinho, sem apoio, depois conseguir se manter sentado com as mãos livres e em seguida transferir o peso corporal para os braços se mantendo em quatro apoios, nesta posição oscila para frente e para trás até manter-se totalmente com mãos e joelhos no chão. “Alguns bebês já saem engatinhando a partir daí, outros ainda se arrastam. Após um tempo engatinhando, o corpo está pronto para ficar em pé, o bebê sozinho consegue passar para a posição bípede, em seguida consegue realizar a marcha com apoio, mas somente quando todos os sistemas estão maduros e desenvolvidos consegue andar sem precisar de ajuda. É nesse momento que o corpo está realmente pronto para adquirir essa ‘habilidade’”, explica.

A dica para os pais é que controlem a ansiedade em ver os pequenos andando, que entendam que o desenvolvimento é marcado por fases, e que cada uma delas é importante, sempre contribuindo com estímulos positivos, porém sem querer atropelar as coisas. “Pode-se realizar comandos verbais encorajando os movimentos que a criança ainda tenha dificuldade, fazer uso de brinquedos ou até mesmo o carrinho que é nosso andador moderno onde a criança não senta dentro, mas sim - quando já tem habilidade para se manter em pé - empurra o carrinho como auxílio para o equilíbrio que ainda não está tão desenvolvido”, finaliza.