Você conseguiria ficar 24 horas sem internet?
Thaís Balielo

Um detox digital pode ser necessário em casos de grande dependência das tecnologias e redes sociais. Recentemente o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos estipulou o dia 8 de dezembro para incentivar os brasileiros a passar 24 horas longe da internet. É o Desafio Detox Digital Brasil. Muitas pessoas não conseguem imaginar dormir sem olhar o celular antes ou passar 24 horas sem postar. Pesquisadores já criaram o termo FOMO — Fear Of Missing Out –, denominação dada à sensação de sempre estar perdendo alguma coisa.
A arquiteta e urbanista Leila Marina Gozzo Ferreira, 26, admite que exagera no uso do celular, pois precisa dele para o trabalho e para o lazer. Ela se identifica com o termo FOMO, pois não pode ficar sem olhar uma nova notificação. Leila tem um relógio que recebe as notificações do celular e mesmo com o aparelho dentro da bolsa não perde uma mensagem ou novo aviso. Para conseguir cumprir um prazo, entregar algum trabalho, ela precisa desligar as notificações para conseguir deixar o celular de lado por um tempo.
“Sou muito viciada em celular, gosto muito da ferramenta, quero sempre estar com o celular atualizado, pois também é minha ferramenta de trabalho. Mas tenho que me policiar, pois deixo de fazer muita coisa por conta do celular. Procrastino muito outras atividades para ficar mais tempo no mundo digital. Olhar as redes sociais é a primeira coisa que faço de manhã e última coisa que faço a noite. Quanto mais velha eu fico, mais eu entendo que está errado e tento me policiar, mas não é fácil. É realmente tirar um hábito da vida”, argumenta.
Leila se policia, pois se sente muito cansada com o uso excessivo do aparelho. “Tento me desligar um pouco, mas é difícil. Sempre tem algo para fazer no celular. Cheguei a excluir o Facebook em época de prova na faculdade, por me tirar muito a atenção. Pedi para alguém trocar minha senha para eu poder fazer o que tinha que fazer de forma mais focada”, relata.
O músico Adriano Borba, 23, também precisa do celular para trabalho, mas admite que exagera no uso. “Logo cedo, a primeira coisa que eu faço é abrir o WhatsApp e depois as outras redes, Instagram, Facebook e Twitter. E fico o dia inteiro assim, conectado. Na hora de dormir checo todas as redes sociais de duas a três vezes. Chego a me sentir mal quando o celular começa a acabar a bateria, quando acaba fico desesperado. Tenho percebido que isso tem colaborado muito com desenvolvimento de ansiedade. Quando começo a ficar muito mal assim, tento dar uma afastada, diminuir uns dias nas redes sociais, até dar uma acalmada”, revela.