Santa Cruz entrou para a história botânica do Brasil

O município de Santa Cruz do Rio Pardo, no interior de São Paulo, tem um lugar especial na história da botânica brasileira. Foi lá que, em 1887, o renomado botânico João Barbosa Rodrigues coletou pela primeira vez amostras de duas espécies de jabuticabeiras nativas da Mata Atlântica: Myrciaria glomerata e Myrciaria tenella. As descobertas foram posteriormente publicadas, em 1890, nos “Arquivos da Comissão Geológica do Império do Brasil”.

A Myrciaria glomerata, conhecida como jabuticaba brava ou jabuticaba-de-espinho, é uma árvore de pequeno porte, com até 5 metros de altura. Seus frutos, roxos e agrupados, possuem polpa branca e suculenta, rica em vitamina C, antioxidantes e fibras. A árvore tem espinhos, o que exige cuidado no manuseio, e os frutos podem ser consumidos frescos ou utilizados em sucos, doces e compotas.

Já a Myrciaria tenella, ligada à popular jabuticaba sabará, é uma espécie de porte médio, podendo atingir até 15 metros. Suas folhas têm textura fina — característica que originou o nome tenella. Os frutos são escuros, redondos, suculentos e doces, com cerca de 3 cm de diâmetro. Além do consumo in natura, são usados na produção de geleias e licores.

João Barbosa Rodrigues

Responsável por identificar essas espécies a partir de coletas feitas em Santa Cruz, João Barbosa Rodrigues nasceu no Rio de Janeiro em 1842. Filho de comerciante português e mãe indígena, destacou-se desde cedo no desenho e na botânica. Formado em engenharia pela Escola Central, percorreu o Amazonas em missões científicas, estudando a flora e culturas indígenas. 

Publicou importantes obras sobre orquídeas, palmeiras e etnobotânica. Foi diretor do Museu Botânico do Amazonas e, posteriormente, nomeado por Deodoro da Fonseca como diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde promoveu reformas, criou o herbário e ampliou o intercâmbio científico com instituições internacionais. Faleceu em 1909, com reconhecimento internacional por sua contribuição à ciência brasileira.