Pai e filho contam como é trabalhar junto há décadas

Entre família é comum que costumes, hábitos e tradições sejam passados entre gerações. Por isso, a grande maioria dos patriarcas acaba se tornando um exemplo e modelo em todos os aspectos, que vai desde times de futebol até negócios e profissões.
Esse é o caso da Auto Elétrica Quatizão, uma das oficinas mais antigas de Santa Cruz do Rio Pardo. Os que a conhecem, talvez nem imaginem que ela é operacionada exclusivamente por pai e filho há mais de 30 anos. Denilton Maria, 47, e Alcideo Maia, 77, são um exemplo de que família e negócios podem sim dar certo.
A oficina foi fundada pelo pai, Alcideo, antes mesmo do filho nascer. Após 22 anos trabalhando em uma fábrica da região, ele decidiu aplicar os conhecimentos em mecânica que havia adquirido e ir atrás de começar o próprio negócio. Dos três filhos, todos criados em meio à oficina, apenas o filho do meio decidiu seguir os passos do pai.
Denilton começou seu aprendizado ainda novo, quando tinha 14 anos, e intercalava a escola e as tarefas com a mecânica e os carros. Aos 16, começou oficialmente no serviço e desde então nunca mais parou: “Foi o primeiro emprego e o único. Nunca trabalhei em outro lugar”, conta ele. “Meu pai me ensinou todos os macetes que se tem”.
Após quase 10 anos de ensinamento e companheirismo, Alcideo resolveu que era a hora certa de passar a administração para o filho, mas não de abandoná-lo na profissão. Até hoje, mesmo já aposentado, ele continua firme e forte trabalhando todos os dias. Segundo Denilton, o convívio entre eles não poderia ser melhor: “Nunca teve discussão entre nós dois, sempre foi tranquilo. Um entende o outro”. Além disso, serviço é bem dividido para os dois. Por conta da idade e de uma visão mais baixa, pai lida com as peças maiores e prefere deixar as partes mais minuciosas, como as fiações, para o filho.
Em maio desse ano, após contrair Covid-19, o patriarca precisou se afastar do serviço por um tempo, mas aos poucos já está retornando a rotina com o esforço reduzido. Para ele, a oficina é mais do que um trabalho – é uma forma de passar o tempo. Mesmo nos dias mais tranquilos, ele gosta de acompanhar Denilton nas tarefas.
Para o filho, trabalhar em família “não tem igual”. Segundo o mecânico, a confiança que existe dentro um negócio em família é muito grande, e não há preocupações para momentos onde existem imprevistos, como em casos de saúde. O pai concorda: “Nós vivemos bem, combinamos bem. Nunca tivemos nenhuma discussão”.
Quem pensa que pai e filho só se convivem na oficina, se engana. Após o expediente durante a semana e nos finais de semana, a família sempre está reunida na casa de um dos filhos de Alcideo e na chácara da família.
Há cerca de um mês, após 20 anos no mesmo local, eles decidiram se mudar para o próprio barracão e iniciar uma nova etapa juntos. “O mais importante é que a família tenha união”, finaliza Denilton.