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Enem após dois anos de aulas online traz apreensão para candidatos

Publicada dia 18/11/2021 às 10:48:33

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O Enem 2021 está se aproximando, as provas serão realizadas nos dias 21 e 28 de novembro. Esta edição terá o menor número de participantes desde 2005. Segundo o Inep, apenas 3.109.762 estudantes tiveram a inscrição confirmada. Destes, 3.040.871 farão a prova impressa e 68.891 participarão do Enem Digital. Acredita-se que a queda na procura tem como causa a pandemia, após quase dois anos com a maior parte das aulas de forma online, muitos não teriam se sentido preparados para a prova e resolveram nem tentar.

A professora de língua portuguesa e redação Layss Helena Pinheiro lembrou que esta queda já havia sido sentida na última edição, quando um houve um recorde de abstenção de mais de 50% de inscritos. “A análise que faço é que isso evidencia a desigualdade de estudantes de escola pública e privada. Talvez a abstenção não seja tão expressiva este ano, mas estudantes das escolas privadas partirão de uma posição ainda mais vantajosa do que nos anos anteriores. Afinal de contas, as pesquisas apontam que o número de estudantes sem acesso à internet e até mesmo sem computador é bastante elevado. É certo que o déficit de aprendizagem será algo com que todos terão de lidar; no entanto também é certo que ter acesso ao ensino remoto é infinitamente melhor do que não ter acesso à educação ou ter acesso precário, irregular”, argumenta.

Layss enfatiza que toda comunidade escolar sentiu falta das aulas presenciais. “Não há nada que possa substituir a presença física. Tem razão Paulo Freire: educação é movida pelo afeto. Tivemos de ser criativos, resilientes e precisamos, mais do que nunca, estar dispostos a aprender e ressignificar nossos papeis. Os jovens se adaptaram, da forma como puderam fazê-lo. O processo foi doloroso, mas aprendemos muito sobre lidar com o imprevisto da vida, valorizar o espaço escolar, onde se aprende não só através das aulas teóricas, mas com a convivência, a interação, a socialização”, conclui.

A estudante Ana Julia Gomes Consani, 17, deseja cursar fisioterapia e irá fazer a prova do Enem este ano. Ela lembra que o início nas aulas online teve muita dificuldade em aprender e assimilar o conteúdo. “Fiquei bem nervosa quando começou, mas depois fui acostumando, pegando o jeito, e fazendo resumo em casa para estudar. Acredito que por ter ficado quase dois anos em EAD pode ser um pouco mais difícil, tanto no Enem como em outros vestibulares, mas com a volta do ensino presencial deu pra superar um pouco das dificuldades que eu tive no início”, relata.

Ela conta que a dificuldade era maior nas matérias de exatas para assimilar o conteúdo online. Ana Júlia revela que buscou outros meios, além das aulas da escola, quando o assunto era muito difícil. “Sinto que, mesmo com a pandemia, a escola deu todo suporte no ensino à distância, coisa que muitos alunos de escola pública infelizmente não tiveram. A desigualdade fica ainda maior com isso”, lamenta.