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Em dados do Censo, Famílias Únicas representam 89,44% dos lares em Santa Cruz

Publicada dia 05/12/2025 às 16:58:55

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Bruno Vila Costa


Os resultados do Censo Demográfico do IBGE para o tema “família e nupcialidade” trazem pistas importantes sobre transformações sociais que reverberam até em Santa Cruz do Rio Pardo.

A estrutura familiar em Santa Cruz do Rio Pardo mantém um padrão marcante de predominância das chamadas famílias únicas, que representam 89,44% dos lares do município, segundo o Censo 2022. Já as famílias classificadas como “conviventes principais”, que incluem o responsável pelo domicílio e outros moradores, somam apenas 10,56%. Essa configuração reforça a forte presença de núcleos familiares centrados em um único arranjo doméstico e ajuda a explicar o perfil mais tradicional observado na cidade.

Outro indicador relevante é a composição das famílias, que aponta a predominância de casais com filhos, categoria mais numerosa, com 8.053 registros. Em seguida aparecem os casais sem filhos (4.237 famílias) e as mulheres sem cônjuge com filhos (1.462 lares), número significativamente maior que o de homens na mesma condição (232 lares). No recorte sobre natureza da união conjugal por religião, observa-se que os casamentos civis e religiosos são mais comuns entre católicos (10.174) e evangélicos (2.150), enquanto a união consensual aparece com força entre católicos (3.894) e evangélicos (1.471), indicando que os distintos grupos religiosos seguem comportamentos semelhantes quanto à formalização ou não de suas uniões.

Em Santa Cruz do Rio Pardo, município com cerca de 46, 4 mil habitantes segundo o Censo, pode- se inferir parte dessas mudanças demográficas no comportamento familiar da população. As transformações apontadas pelo IBGE, como o aumento das famílias sem filhos e a ascensão de uniões consensuais, ecoam também nas comunidades menores, que acompanham a evolução dos padrões nacionais.

A nível nacional, o Censo marca uma mudança inédita: pela primeira vez, menos da metade das famílias brasileiras são formadas por casais e filhos. De acordo com o IBGE, essa composição familiar caiu de 56,4% em 2000 para 42,0% em 2022. Paralelamente, a proporção de casais sem filhos praticamente dobrou em duas décadas, saltando de 13% para 24,1%. Esse dado sinaliza uma mudança relevante: muitas pessoas optam por constituir família sem a presença de filhos ou adiam a paternidade/ maternidade.

Outro destaque é o crescimento das uniões consensuais (sem casamento formal): no Brasil, esse tipo de união se tornou o mais frequente entre a população com 10 anos ou mais, superando os casamento civil e religioso. Isso reflete uma nova configuração familiar, mais flexível e menos institucionalizada.

Além disso, mais pessoas estão morando sozinhas, as chamadas unidades domésticas unipessoais. Segundo o IBGE, esse tipo de arranjo familiar triplicou desde 2000, passando de 4,1 milhões para 13,6 milhões de pessoas vivendo sozinhas. Essa tendência pode se manifestar também em cidades menores, como Santa Cruz do Rio Pardo, impactando a demanda por moradias e serviços locais.

Outro dado preocupante e controverso: o Censo aponta a existência de mais de 34 mil crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos que viviam em uniões conjugais no Brasil em 2022. Esse número levanta reflexões sobre proteção social, educação e direitos da infância, embora não haja confirmação de legalidade ou formalidade dessas uniões em todos os casos.

As novas estatísticas do IBGE sugerem que Santa Cruz do Rio Pardo, assim como grande parte do Brasil, está em um momento de transição em termos de família e união conjugal. Com menos famílias tradicionais (casal com filhos), mais uniões consensuais e um crescimento das pessoas vivendo sozinhas, a cidade pode enfrentar desafios e oportunidades: repensar políticas de habitação, serviços sociais e programas de convivência comunitária, ao mesmo tempo em que celebra novas formas de viver em família.