Corrida de rua ganha força em Santa Cruz e muda para melhor a rotina de moradores

Bruno Vila Costa

A corrida de rua, antes vista apenas como um exercício simples e acessível, tornou-se um fenômeno em ascensão no Brasil, e em Santa Cruz do Rio Pardo não é diferente. Seja em busca de saúde, superação ou qualidade de vida, cada vez mais santa-cruzenses têm encontrado no esporte uma maneira de melhorar o corpo e a mente. Para entender esse crescimento, o Educador Físico Renato Moretti e o corredor santa-cruzense Eduardo Fernandes compartilharam suas experiências e visões sobre a modalidade.

Renato explica que o grande aumento de praticantes se deve à combinação de praticidade, benefícios e motivação pessoal. “A corrida de rua tem crescido bastante porque é acessível e gera ganhos reais para a saúde física e mental. A pandemia também levou muita gente para atividades ao ar livre e reforçou o uso da tecnologia como aliada”, afirma. Segundo ele, a sensação de superação e bem-estar cria um ciclo que atrai cada vez mais pessoas às pistas e ruas da cidade.

Para o corredor Eduardo Fernandes, a corrida representou uma virada pessoal. Ele conta que decidiu começar quando percebeu que precisava de uma mudança profunda na rotina e na própria autoestima. “No início, foi mais sobre coragem do que desempenho. Hoje, sei que aquele primeiro passo foi um dos mais importantes que já dei. A corrida transformou meu corpo, mas principalmente minha mente”, comenta.

Renato alerta que muitos iniciantes pecam pelo excesso. “Os erros mais comuns são não aquecer, não alongar, aumentar a intensidade rápido demais e ignorar os sinais do próprio corpo”, explica. Para quem deseja sair do sedentarismo, ele sugere um plano de oito semanas, começando com caminhadas intercaladas com pequenas corridas e evoluindo gradualmente até a corrida contínua.

Além disso, destaca que a paciência é fundamental: “O maior adversário do iniciante é ele mesmo. A corrida é evolução, não comparação”.

Eduardo, que treina seis dias por semana com orientação profissional, reforça a importância da regularidade e da confiança no processo. “Meu treinador varia os estímulos ao longo da semana, o que evita lesões e me ajuda a evoluir com segurança”, afirma.

Um dos momentos mais marcantes da trajetória de Eduardo foi sua participação na prova Ayrton Senna, em Interlagos. “Largar com 16 mil pessoas e alcançar o 4º lugar geral, atrás apenas de atletas profissionais, foi surreal. Descobri que posso ir muito além do que imaginava”, relembra. Ele diz que a experiência reforçou sua confiança e provou que o esforço diário faz diferença.

Para corredores experientes que buscam melhorar o desempenho, o educador físico orienta que a evolução depende de estratégias específicas. Ele destaca os treinos intervalados de alta intensidade, o fortalecimento muscular — especialmente das pernas — e o aumento gradual do volume semanal. Também recomenda treinos em ritmo semelhante ao da prova e simulações completas da corrida para controlar a ansiedade. Segundo o profissional, dias de descanso são essenciais para prevenir sobrecarga e lesões.

Renato aponta que a tendência é de expansão contínua. “O Brasil já tem mais de 5 milhões de praticantes. Grupos de corrida crescem, aplicativos evoluem e o mercado de eventos deve aumentar mais de 17% até 2026”, explica. Em Santa Cruz do Rio Pardo, a cena local acompanha essa evolução, com novos grupos, provas e corredores ganhando destaque na região.

Para quem ainda está indeciso sobre começar, Eduardo oferece um conselho direto: “Simplesmente vá. Não espere o momento perfeito. A corrida não exige que você seja rápido, só que você apareça. Quando você aparece, a transformação começa.”