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Dia do Trabalho: Mesmo aposentados, eles seguem em atividade

Publicada dia 30/04/2024 às 11:30:35

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Cássia Peres


No Brasil, a aposentadoria por idade é definida aos 65 anos de idade para homens e 62 para mulheres, ambos com tempo mínimo de contribuição exigido de 15 anos, de acordo com a reforma da Previdência. Em 2022, uma pesquisa apontou que 33,9% dos brasileiros aposentados com mais de 60 anos continuam trabalhando, o que representa 14,7% da população brasileira. Os dados, que são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), refletem em Santa Cruz do Rio Pardo.

Vicente Miranda tem 67 anos e trabalha para a Prefeitura Municipal de Santa Cruz desde 1979. O ajudante de obras revela que se aposentou em 2016. Com orgulho da trajetória, Vicente afirma que gosta da função porque já está acostumado e, dessa forma, consegue complementar a renda. “Enquanto eu puder, vou continuar trabalhando”, declara. 

Nascido no bairro Água da Onça, zona rural do município, Vicente veio de família humilde e não pôde concluir os estudos porque teve de ajudar os pais na roça. Na infância, estudou em uma escola de sítio até a terceira série e, depois, quando entrou na Prefeitura, a rotina passou a ser do trabalho para a casa, de casa ao trabalho. “Há tantos anos aqui nas obras e nunca fui chamado atenção porque nunca foi preciso”, contempla, orgulhoso. 

Das obras, Vicente não voltou mais para a roça - diferentemente de Vitor Messias, também conhecido como “Seu Bernardo” do Posto Kafé. Vitor, aos 82 anos, planta, rega e colhe hortaliças vibrantes no terreno localizado atrás do prédio do Graal. “A gente não põe veneno nenhum nas plantas, é tudo da terra. Venho aqui todos os dias, até aos domingos, só que aí eu não bato o ponto”, conta. Não se pode aproximar muito do idoso sem receber um alerta de “Caramelo”, o cãozinho que o acompanha.

Nascido em Minas Gerais, Vitor foi criado no Paraná, em Ribeirão do Pinhal. Viúvo e aposentado desde 2002, chegou em Santa Cruz do Rio Pardo na década de 70, pelo rádio, através da oferta de trabalho de cortador de cana na Usina São Luiz. O contador de histórias afirma que nunca foi para a escola e começou a trabalhar aos sete anos de idade, cuidando de jardim e pomar. O maior orgulho dele é a terra que pisa e as plantas que colhe.

Na cidade, quem se destaca é Waldomiro Picinin. Aos 80 anos, o diretor administrativo da Associação dos Deficientes Físicos Santa Cruzense (ADEFIS) brilha os olhos ao citar as conquistas e o empenho dos 11 funcionários fixos da associação. “Minha equipe é uma maravilha e a cidade também ajuda muito. As entidades cooperam entre si”, realça.

Nascido em Santa Cruz, na zona rural, “Miro”,  como é apelidado, estudou em um colégio de padres e na Escola de Comércio, depois se formou em economia e administração em Marília. O carismático se justifica ao revelar que é aposentado desde 1993 e ainda continua em atuação. “A gente fica velho no corpo, não na mente. Trabalho porque a entidade precisa disso. Além disso, é muito bom ajudar as pessoas. Tenho um filho deficiente, então sei a diferença que isso faz na vida das pessoas”, conclui.