Jornal Atual
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Profissão: moça da letra bonita

Publicada dia 13/10/2021 às 10:11:50

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Receber um convite de casamento com seu nome escrito a mão com uma letra bonita especialmente para você é um carinho a mais que muitos noivos ainda procuram, mas que cada dia existe menos profissionais fazendo este trabalho. Fátima Maria Pereira de Andrade é uma apaixonada pela caligrafia e realiza este trabalho há mais de 25 anos. No entanto, ela lamenta que com a tecnologia as pessoas utilizem cada vez menos a escrita e estão desaprendendo a escrever à mão. Um grande exemplo são as cartas, cartões postais, nada disso mais é comum após o e-mail e o WhatsApp.

O encantamento pelas letras vem desde os tempos de escola. Fátima conta que quando passou a trabalhar na secretaria de uma escola iniciou os trabalhos a mão. Os primeiros trabalhos foram escrever nos diplomas da pré-escola e logo surgiram os pedidos para escrever nos convites de casamento. “No início eu não tinha noção de como fazer isso, mas encarei o desafio. Fazia com caneta esferográfica mesmo, tudo bem simples”, conta.

Fátima ficou alguns anos sem fazer este trabalho quando os filhos eram pequenos. Quando voltou a este trabalho, além dos convites, passou a escrever em diplomas, certificados, lembranças religiosas, quadros, sacolas retornáveis, guardanapos, entre outros. Ela aprendeu a usar a caneta pena, indicada para estes trabalhos, mas acabou voltando às esferográficas por ter se adaptado melhor. Ela destaca que as canetas melhoraram muito, com variedade de cores e espessuras das pontas.

“É uma profissão prazerosa para quem gosta de escrever à mão. É preciso concentração para não errar. Esta profissão está em extinção, a máquina está tomando conta. No entanto, não haverá máquina que irá substituir a escrita à mão e nem dará brilho às letras da caligrafia manual”, argumenta.

Sobre a renda com trabalhos de escrita, Fátima explica que não dá para viver apenas da caligrafia. “O trabalho tem o limitador que só você que pode fazer, não tem como colocar um funcionário para ajudar. Mesmo que a pessoa saiba fazer as letras, tenha a técnica, nunca uma letra de uma pessoa ficará igual à outra. Então a mesma pessoa que começou tem que terminar”, diz.

Grafologia

Fátima é tão entusiasta das letras que buscou aprender grafologia, que é o estudo da personalidade de uma pessoa por meio da escrita. Os especialistas no assunto acreditam que o cérebro, ao comandar a mão, projeta aspectos pessoais em traços de letras, espaços e palavras. Esses detalhes representam experiências vividas, traumas e características individuais. Ela conta que depois que aprendeu, não consegue deixar de analisar quando vê a letra de alguém. “Tento evitar, mas assim que bato o olho na escrita já começo a analisar automaticamente”, revela.