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Entenda o fenômeno do “feed zero”

Publicada dia 15/10/2024 às 14:37:59

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Compartilhar fotos e vídeos nas redes sociais tornou-se um comportamento comum nos últimos anos, mas a geração Z, composta por jovens nascidos entre 1995 e 2010, está rompendo com essa tradição. O fenômeno conhecido como “feed zero” se refere à aversão de publicar conteúdos em seus perfis, o que revela uma mudança significativa na forma como interagem com o mundo digital.

Enquanto os millennials celebram suas vidas através de selfies e posts, a geração Z enfrenta uma realidade marcada pela saturação das redes sociais. “Os feeds passaram a ser vistos como vitrines cuidadosamente organizadas, gerando pressão para que as postagens sejam perfeitas e esteticamente atraentes. Isso pode levar à insegurança e ao medo de julgamento”, destaca Amanda Jacob, psicóloga especialista em Terapia Cognitivo Comportamental.

A exposição nas redes pode ser angustiante, visto que a constante comparação com padrões de beleza e estilos de vida idealizados gera ansiedade. “O perfeccionismo, reforçado pelos filtros e edições, pode levar a sensação de inadequação e baixa autoestima quando a vida real não reflete o que é visto virtualmente. Vivencio experiências clínicas de jovens com comportamentos de inseguranças quando conhecem alguém através de aplicativos e redes sociais”, explica Amanda.

A psicóloga pontua que o ambiente digital impõe desafios, especialmente pela constante busca por validação social e a tendência à comparação. Para ela, essa influência pode comprometer o desenvolvimento de uma identidade genuína, à medida que os jovens podem se sentir pressionados a corresponder a expectativas externas e padrões idealizados.

Amanda avalia que optar pelo “feed zero” pode ser uma tentativa de manter o que os jovens consideram mais autêntico e íntimo, em um contexto que frequentemente estimula a exibição de uma imagem utópica. “Sob essa perspectiva, o ‘feed zero’ pode ser visto como uma estratégia adaptativa para lidar com o excesso de exposição e o impacto psicológico das redes sociais, promovendo maior autocontrole e bem-estar emocional”, finaliza.