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Com lei sancionada, Umbanda realiza encontros ao ar livre

Publicada dia 12/04/2024 às 16:12:55

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Cássia Peres


Em 2023, a Lei nº14.532, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tornou as penas para a intolerância religiosa mais severas. Equiparada como crime de injúria racial, a lei prevê de dois a cinco anos de reclusão para quem impedir ou agir de forma violenta contra quaisquer manifestações religiosas. Antes, a lei previa pena de um a três anos.

Na mídia, as religiões de matriz africana estão frequentemente envolvidas como alvo principal de preconceito. De acordo com dados do Ministério dos Direitos Humanos, cerca de 1.200 ataques motivados pela intolerância religiosa foram registrados em 2022, um aumento de 45% em relação a 2020. Segundo Fernanda de Souza Ribeiro e Souza, 44, cantora de um terreiro de Umbanda em Santa Cruz do Rio Pardo, algumas pessoas têm medo de se declararem umbandistas, mesmo quando frequentam os terreiros, devido ao preconceito.

Ainda assim, a tamboreira declara que a sanção da lei encorajou os grupos de Umbanda a virem a público em encontros que comemoram as tradições africanas e do candomblé. “O primeiro evento ao ar livre que fizemos foi no Dia de Iemanjá. Descemos até a ponte do Rio Pardo cantando louvores. O segundo encontro, aberto ao público, foi no dia 24 de março, na cobertura do ginásio em frente ao mercado São Sebastião. Foi uma união das casas de Axé e pais de santo, pois reunimos muitas pessoas e até irmãos de Botucatu para contemplarem o nosso atabaque. Foi lindo!”, comemora.

De acordo com o Ministério Público do Trabalho de São Paulo, o Brasil é o país com a maior população negra fora do continente africano - somando aproximadamente 86 milhões de pessoas. Ao contar sobre sua religião, Fernanda menciona que a Umbanda é o fruto dessa pluralidade brasileira. “Somos uma mescla de culturas, não temos um livro sagrado e nem figura maligna. A umbanda é uma religião oral que cultua o bem, combinando um pouco do cristianismo, candomblé e kardecismo, a depender do terreiro. A única regra é nunca fazer mal para o próximo”, enfatiza. 

Fernanda e seu terreiro planejam os próximos eventos ao ar livre em Santa Cruz. Além disso, com aprovação de verbas pela Lei Paulo Gustavo, ela começará uma oficina infantil com aulas de canto e atabaque.