Às vezes
Na jornada da nossa existência nos deparáramos com as mais variadas situações, algumas são demasiadamente complexas, nos deixam eufóricos, outras nos causam espanto e medo.
A grande realidade é que somos seres episódicos, e nesse movimento natural, o tempo não espera ninguém. Compreender que tudo passa muito rápido, será melhor em muitos aspectos.
Nessa transitoriedade inevitável sentiremos muitos desejos, alguns serão fáceis de serem supridos outros deverão ser administrados, senão, nossa mente entrará em colapso nos jogando em um calabouço existencial que terá por algoz lembranças que nos paralisarão em uma fantasia que não vale a pena ser alimentada definitivamente.
Às vezes nos lembramos da época em que gostaríamos de ser “gente grande” para que fossemos donos de nós mesmos, fazer o que nos dá na telha, ser donos dos nossos narizes, mas quando chegamos a idade adulta às vezes da vontade de ser criança novamente, sentimos falta do abraço aconchegante de quem nos ama ou amou enquanto fazia parte da nossa Historia. As vezes sentimos vontade de brincar sem olhar o relógio nos incomodando, as vezes da vontade de ter o poder de parar o tempo que, não poucas vezes, é escasso.
Às vezes da vontade de voltar no tempo e valorizar aqueles que nos amaram incondicionalmente, aqueles que, através de um simples olhar que lançávamos em sua direção, percebiam o que estávamos sentindo. Gente que quando chegava, torcíamos para que não saíssem tão logo de perto de nós.
Às vezes gostaríamos que o tempo retrocedesse com a mentalidade que hoje temos, para que valorizássemos aqueles que nos perdoaram de coisas que realmente, aos olhos de muitos, eram imperdoáveis. Pessoas insubstituíveis que jamais serão esquecidas, que nos ensinavam a não agir pelo impulso do momento, que nos ensinavam a não confiar em quem não deveria, pessoas que mesmo quando as decepcionávamos, acreditavam em nós e nos davam o privilégio da segunda, terceira, quarta chance... Mesmo quando na nossa ingenuidade quebrávamos seus corações, gente que hoje gostaríamos de ligar apenas para ouvir a sua voz e o que resta é saudade.
Às vezes devemos parar e refletir, viver cada momento que nos resta com intensidade e intencionalidade. Lutar causas justas, abraçar, às vezes perder com dignidade e quando vencer que seja com nobreza e ousadia, ter um propósito e honrar o legado daqueles que deixaram marcas positivas em nós, embora não possamos voltar ao passado, podemos fazer do presente um recomeço. Viver com alegria, pois a vida é preciosa demais para viver sem propósito.
Como disse o sábio no livro dos Salmos 90:12 Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria.