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Uso excessivo de álcool em gel prejudica a pele

Publicada dia 20/05/2020 às 13:53:22

Thaís Balielo

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Diego Singolani


O álcool em gel 70% tem sido amplamente utilizado como importante instrumento de proteção contra o novo coronavírus, sendo a melhor alternativa para a higienização das mãos quando não há água e sabão por perto. Porém, seu uso excessivo e de maneira inadequada pode causar diversos problemas na pele, como esclarece a médica dermatologista Ana Lúcia Beltrame Gaspar.

A especialista explica que o organismo possui uma camada de proteção externa chamada de manto hidrolipídico, que recobre toda a superfície da pele. Com o uso do álcool em gel, essa camada é danificada, total ou parcialmente, e a pele torna-se desprotegida e desidratada. “A pele fica ressecada, mais fina e sensível, podendo apresentar coceira, dermatites, alergias e infecções bacterianas ou fúngicas, inclusive nas unhas, tendo muitas vezes que procurar um dermatologista”, afirma Ana Lúcia.

A médica reforça a orientação do uso de água e sabão como o método mais eficiente de combate ao vírus na pele ou em objetos em geral, já que a mistura rompe com uma espécie de cápsula de gordura que reveste e protege o coronavírus. Não havendo, porém, essa disponibilidade, o álcool em gel deve ser empregado com moderação. “Uma pequena porção na palma das mãos e em seguida esfregando-as para que o produto se espalhe, inclusive no dorso das mãos, punhos e unhas, durante aproximadamente 20 segundos, até que ele seque completamente”, disse a dermatologista.

Em caso de pele ressecada, deve-se dar preferência a lavagem das mãos com água e sabão ou sabonete neutro ou hidratante, e utilizar hidratantes para as mãos diariamente, principalmente ao deitar, de acordo com Ana Lúcia. “Prefira os hidratantes hipoalergênicos, pouco perfumados e sem corantes. Existem apresentações que são próprias para as mãos. E se mesmo assim for necessário o uso do álcool em gel, também existem formulações no mercado que contém aloe vera ou outros agentes que ajudam a hidratar um pouco a pele, não a ressecando em demasia”, afirmou.

Acidentes

O álcool 70%, seja líquido ou em gel, é um produto altamente inflamável e que exige atenção especial no seu manuseio. “Infelizmente, as queimaduras são muito frequentes e aumentaram agora nessa época do coronavírus. Após o uso do álcool, em especial do álcool em gel nas mãos, deve-se evitar mexer com fogo ou no fogão, ou mesmo acender um cigarro. Deve-se esperar pelo menos 20 min para realizar essas atividades. Também é importante ressaltar que o álcool em gel produz uma chama quase que invisível, e a pessoa pode não perceber a presença do fogo e acabar se machucando”, alerta a dermatologista. “Caso isso aconteça, de imediato, deve-se tentar conter as chamas, e as mãos ou a área do corpo atingida colocada em água fria ou corrente para amenizar a dor, por 10 a 15 minutos. É importante tomar um analgésico para o controle da dor, que é muito intensa nos casos de queimadura, e em seguida procurar auxílio médico na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) ou no Pronto Socorro mais próximo”, afirma Ana Lúcia.

A explosão do consumo de álcool em gel e o aumento do preço do produto durante a pandemia levou muitas pessoas a buscarem soluções caseiras que, mais do que ineficazes, podem trazer riscos à saúde. “Várias receitas de álcool em gel foram divulgadas, porém, não aconselho que as pessoas a façam, pois a manipulação do álcool em casa pode aumentar o risco de acidentes e queimaduras, e o processo de fabricação caseiro pode levar a contaminação do produto, diminuindo ou perdendo sua efetividade. Em caso de não achar o produto, evitar o uso do álcool líquido na pele, que evapora rapidamente, e sim usar água e sabonete nas mãos e seguir todas as normas de higiene para que essa fase logo passe e as pessoas fiquem bem”, afirmou a dermatologista.