Transição capilar exige muito cuidado e paciência, explica cabeleireira
Carol Leme

Depois de longos anos em que a moda era o cabelo cacheado e os permanentes faziam sucesso nos salões de cabeleireiros, descobriu-se a escova definitiva – ou japonesa – que, à base de muito formol, deixava qualquer tipo de fio liso, como de verdadeiras orientais.
Os anos passaram e novos tratamentos menos agressivos surgiram e a mulherada continuou optando por um cabelo liso desde as primeiras horas da manhã, celebrando a independência e a praticidade obtida com a técnica. No entanto, com a valorização dos discursos contra os padrões de beleza, muitas pessoas passaram a assumir seus fios como vieram ao mundo e decidiram abolir as escovas alisantes e suas chapinhas. Porém, com toda a química no fio surgiu uma nova dificuldade: como deixar o cabelo com a raiz natural e as pontas lisas?
Segundo a cabeleireira Nallê Volpe, não existe um produto que retire as progressivas do cabelo, e a única forma de voltá-lo ao natural é o cuidado com os fios. O primeiro fator principal é o crescimento, que deve ser saudável, por isso, a alimentação é uma forte aliada para o brilho e a fortificação dos fios. “É necessário deixar de lado os doces e alimentos gordurosos e beber muita água. Ainda, cortar as madeixas a cada três meses, para evitar a formação de pontas duplas”, explica.
A cabeleireira ainda indica que se evite banhos quentes, dormir com o cabelo molhado ou prendê-lo com os fios úmidos, pois estes hábitos podem quebrar o cabelo. Também não se deve deixar resíduos ou excesso de cremes ou máscara. “Outra orientação é no momento da lavagem. Jogue todo o cabelo para trás ou para frente e massageie o cabelo por, pelo menos, 5 minutos. Os movimentos circulares estimulam a circulação sanguínea, faça todos os dias, mesmo naqueles em que não vá lavar, faça o movimento só com os dedos”, orienta.
Para quem quer fazer a transição capilar do liso para o cacheado ou natural, a dica é começar interrompendo o uso de qualquer tipo de química, seja alisante, selante ou relaxamento, sempre investindo nos cuidados para o fortalecimento. “O corte, hidratações e reconstruções são os mais indicados, mas sempre deve-se consultar um profissional, para ouvir sua opinião técnica”, esclarece.
Para Nallê, este processo pode mexer muito com a autoestima, já que o cabelo passa por um período de crescimento e adaptação ao natural. “Tem que ter foco e paciência que logo há a compensação. Mas não podemos definir um tempo, pois pode variar de acordo com o processo químico, a textura capilar e os cuidados com os fios”, explica.
Uma outra dica é a finalização do cabelo, que deve contar com óleos capilares, cremes ou leave-in, para manter os fios alinhados e sem frizz. Eles ainda ajudam a reduzir a quebra da fibra capilar, desde que usados sem excesso. O xampu e condicionador devem ainda ser escolhidos como uma extensão do tratamento do salão, priorizando pelas linhas profissionais, que tem pH mais adequado. “As orientações servem tanto para quem quer o cabelo liso ou cacheado, pois o cuidado é o essencial para qualquer um deles”.
Outro tipo de transição é a de cor dos fios, já que é comum as mulheres decidirem aplicar tonalidades no cabelo natural e depois, com o desgaste do cabelo, resolver por retirar a química. “Sempre procure um profissional especializado, pois muita gente quer fazer em casa e depois tem que consertar no salão. Ele irá dizer a coloração adequada, fará análise do fio e do corte, entre outros”, finaliza.