Infecções no olho podem estar relacionadas ao mau uso de lentes de contato

Mariana Pires

Seja devido à estética ou pelo desafio que os óculos impõem na prática de esportes e outras tarefas, muitas pessoas acabam optando pelas lentes de contato. Embora atraiam pela facilidade, as lentes podem se tornar um problema quando usadas incorretamente. Desde simples alergias, até mesmo, em casos extremos, a perda da visão, essas complicações geralmente possuem origem na desatenção ou na falta de cuidado na hora de higienizar e guardar as lentes.

Para o oftalmologista Alexandre Marsola, manter uma rotina de higiene pode ajudar a evitar complicações do tipo. “É recomendável que a pessoa lave as mãos com sabonetes neutros, e sempre que possível seque as mesmas com papel descartável. Já as lentes, devem ser limpas com os produtos prescritos”, aponta. A limpeza das caixinhas onde as lentes são guardadas também deve ser feita, de preferência todos os dias, usando sabonetes de pH neutro, e pelo menos, a cada três meses, o usuário deve trocar o estojo velho por um novo.

Entre as doenças mais comuns causadas pelo uso indevido de lentes de contato, está a ceratite, que afeta diretamente a córnea. Dependendo do grau da infecção, os sintomas variam desde dores nos olhos até uma sensação de corpo estranho nos mesmos. “Quando não tratada a tempo, a ceratite pode culminar até na perda da visão”, diz Alexandre.

Recentemente, surgiu o caso da britânica Irenie Ekkeshis que ficou cega após contrair uma ceratite amebiana, por colocar suas lentes de contato com as mãos molhadas. De acordo com Irenie, tudo começou quando seus olhos acordaram doendo e lacrimejando em janeiro de 2011. Ela acreditou que poderia ser uma simples infecção e que melhoraria dentro de alguns dias. Mas a dor só piorou.

A ceratite amebiana é uma doença extremamente rara, causada por um protozoário de vida livre presente no ar, no solo e na água fresca. Geralmente a contração desse tipo de ceratite está relacionado ao uso de água de torneira para a limpeza das lentes de contato. Os principais sintomas são visão turva, dor e vermelhidão. Apesar de ser uma doença extremamente agressiva, pode ser tratada se diagnosticada a tempo. “É essencial procurar um especialista logo nos primeiros dias dos sintomas. Só um profissional, através de exames clínicos, vai poder chegar ao diagnóstico precoce”, pontua o médico.