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Homens não costumam procurar médico para prevenção

Publicada dia 10/12/2020 às 14:15:23

Thaís Balielo

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Thaís Balielo


Hábitos saudáveis e acompanhamento de saúde preventivo são o caminho para o envelhecimento com qualidade de vida. Porém os homens costumam dar menos atenção à saúde e realizam menos consultas médicas. 

Um levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo mostra que 70% das pessoas do sexo masculino que procuram um consultório médico tiveram a influência da mulher ou de filhos. O estudo também revela que mais da metade desses pacientes adiaram a ida ao médico e já chegaram com doenças em estágio avançado.

O urologista Clélio Zanoni Filho explica que os homens vivem, em média, 7,2 anos a menos que as mulheres. Entre as causas de morte prematura estão à violência e acidentes de trânsito, além de doenças cardiovasculares e infartos. “Uma questão a se levantar é se eles vivem menos, pois as mulheres se cuidam mais”, aponta.

Ele lamenta que ainda exista muita dificuldade para o homem procurar pelo Urologista para zelar pela sua saúde. “Meninos e meninas vão ao pediatra, mas na adolescência a menina vai ao ginecologista e o menino deixa de fazer acompanhamento médico. Isso passa para a idade adulta”, diz.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia, menos de 1% dos adolescentes frequentam o urologista. “É uma questão cultural. O homem aprende que não pode chorar, que tem que ser forte e se acha invencível”, argumenta. Clélio lembrou ainda do preconceito que ainda existe em relação ao exame de próstata.

O médico informou que os homens são muito acometidos por doenças cardio-vasculares, têm mais propensão a canceres, maiores índices de colesterol no sangue, obesidade, e tudo isso faz com que vivam menos. “A Sociedade Brasileira de Urologia vem observando todos esses dados e, de forma contínua, tem buscado implementar mais campanhas para a saúde do homem em nível nacional. São politicas públicas do SUS e campanhas de incentivo como a do Novembro Azul que acabou de acontecer”, aponta.

No homem os principais cânceres são de pele (melanoma) e em seguida o de próstata. “É uma doença que, quando feito o diagnóstico precoce, temos mais de 90% de chance de cura. No entanto o número de diagnóstico deste câncer caiu em 2020. Estima-se que durante a pandemia houve uma perda de mais de 60% dos pacientes que procuram o médico de rotina. Então esse número de diagnósticos caiu e consequentemente muitos diagnósticos precoces deixaram de ocorrer”, lamenta.

Clélio afirmou que a maioria dos pacientes só procura o médico quando já está com algum problema, dificultando assim o diagnóstico precoce de diversas doenças. “Existem muitas doenças que podem ser facilmente identificadas em uma consulta clínica e com exames preventivos. Portanto, a presença do paciente junto ao médico faz com que o diagnóstico se favoreça”, lembra.