Diagnóstico precoce de câncer de mama aumenta chance de cura

O objetivo da campanha Outubro Rosa é divulgar informações sobre o câncer de mama e fortalecer as recomendações do Ministério da Saúde para prevenção, diagnóstico precoce e rastreamento da doença. O movimento é internacional e foi criado no início da década de 1990, quando o laço cor de rosa foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York (EUA) e, desde então, promovida anualmente.

O mastologista Leonardo Fleury Orlandini falou com o Atual sobre o tema.

A mastologia é a especialidade que cuida das doenças da mama, sejam benignas ou malignas e dos exames de rotina. Ele explicou que o mastologista pode ser procurado para realizar os exames periódicos de rotina, mas que a maioria procura quando já tem alguma queixa, alguma alteração ou encaminhados por outro médico.

Ele acredita que a campanha Outubro Rosa seja muito importante para enfatizar a importância dos exames preventivos que possibilitam um diagnóstico precoce de câncer, o que aumenta muito a chance de cura. “A mulher deve ir anualmente ao ginecologista para seus exames de rotina que incluem o exame na mama. Além do exame do médico, a mulher deve conhecer sua mama e procurar um profissional ao menor sinal de alteração”, aconselha.

No caso de câncer de mama as principais alterações são nódulos, secreção com sangue do mamilo e alteração de pele como vermelhidão ou mudança de textura. “A maior preocupação com o nódulo vai ser o aspecto dele nos exames de imagem. No caso de imagens sugestivas de câncer, apenas a biopsia dirá se é benigno ou maligno. A biópsia normalmente é feita com uma agulha que retira pequenos fragmentos do nódulo para exame”, diz.

O câncer de mama diagnosticado no início, com nódulos de até dois centímetros, tem uma probabilidade de 95% de cura. Por este motivo é importante os exames de rotina para perceber qualquer alteração no início. Para mulheres abaixo de 40 anos o principal é o autoexame e ir ao médico anualmente. Para mulheres acima desta idade é preciso fazer o exame de mamografia todo ano. Já para quem tem histórico familiar de câncer de mama é preciso uma avaliação personalizada determinada pelo médico.

Com a pandemia muitas pessoas deixaram de fazer seus exames preventivos. Leonardo citou que nos exames realizados pelo SUS, cerca de 40% das mulheres não compareceram fazer mamografia em 2020. “O reflexo disso será nos próximos anos, infelizmente com casos de mulheres que já vão aparecer com tumores maiores por não ter diagnosticado no início”.

Após o diagnóstico do câncer é preciso um perfil biológico do tumor para iniciar o tratamento adequado. “Em tumores pequenos costuma começar com a cirurgia de retirada do câncer e depois se inicia a quimio. Já nos casos de tumores maiores, começa a quimioterapia para diminuir o tumor e então operar, diminuindo a agressividade da cirurgia”, explica.

Quando a mulher recebe a notícia de um câncer de mama, além do medo da morte, outro grande temor é perder o seio. “A retirada da mama é muito impactante e mutilante para a mulher, mas hoje é necessário na minoria dos casos. Casos iniciais são realizadas cirurgias conservadoras, tira uma parte da mama, mas preserva anatomia e estética. Casos avançados fazemos quimioterapia preparatória que diminui o tumor e diminui o dano da cirurgia. Só vão para mastequitomia os casos muito avançados, e, mesmo assim, ainda tem a possibilidade de prótese e cirurgia reparadora”, explica.

Para se prevenir do câncer, Leonardo salientou que o principal são hábitos de vida saudável, com prática regular de atividade física, manter um peso ideal, dieta balanceada, redução no consumo de álcool, evitar tabagismo, entre outras coisas.

O câncer de mama também pode acometer os homens, porém é raro. Para os homens ele lembrou que não existe um protocolo de exames preventivos, portanto é importante conhecer o próprio corpo e procurar ajuda profissional quando notar algo diferente.