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Como largar um vício sem substituí-lo por outro?

Publicada dia 05/09/2023 às 13:40:26

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Giovana Dal Posso


É comum encontrar pessoas que, ao sair de um vício, logo encontram um novo, como por exemplo,alguém que fumava excessivamente há anos, para, mas adquire o hábito de comer compulsivamente. Mas porque isso acontece?

Segundo a psicóloga Daiane Rocha, a maioria das pessoas que possuem um vício, costumam dizer que ele funciona como uma válvula de escape para os problemas do dia a dia, preenchendo a sensação de um vazio existencial e se torna um refúgio emocional, um escape. “É aí que se torna um problema, pois o indivíduo passa a enxergar aquela substância ou aquele comportamento compulsório como uma saída, um alívio momentâneo para suas angústias. Por isso que mesmo conseguindo interromper um vício ele desenvolve outro, pois a ‘raiz do problema’ não foi resolvida”.

Como uma pessoa que se encaixa nesta situação, pode sair dela? Para a psicóloga, interrompendo um vício ou não, é essencial compreender os motivos que o levaram a ele, e desenvolver mecanismos para lidar com seus desejos compulsórios, se fortalecer emocionalmente e assim ter uma vida saudável e prazerosa. “Durante o tratamento, o psicólogo irá avaliar se o paciente também precisará de acompanhamento de um médico psiquiatra, e caso for necessário, irá encaminhá-lo. Além do trabalho em conjunto desses profissionais, é extremamente importante uma rede apoio para dar assistência e acolhimento para esse indivíduo durante seu tratamento”, relata.

Como um vício se desenvolve? 

“Para a grande maioria, a palavra ‘vício’ se remete a pessoas com dependência química ou álcool, no entanto, os vícios vão muito além. No mundo atual existem inúmeros estímulos que nos deixam vulneráveis para adquirir algum vício, por isso é importante estar atento aos nossos comportamentos e hábitos”, conta Daiane. “Todos nós possuímos um sistema de recompensa em nosso cérebro, este é o responsável pela sensação de prazer ao completar alguma atividade ou consumir algo. Quando isso acontece, nosso corpo é inundado com a dopamina, um neurotransmissor responsável por essa sensação de prazer e bem estar, que consequentemente reforça aquele comportamento como algo positivo”, relata.

Segundo ela, quando uma pessoa adquire um vício, o funcionamento desse sistema de recompensa é prejudicado, pois, aquela substância ou hábito fornece uma grande dose de prazer sem muito esforço, e mesmo trazendo prejuízos para sua vida. Além disso, várias substâncias podem causar tolerância, ou seja, se torna necessário um aumento da dose para sentir a sensação de prazer, desenvolvendo uma busca desenfreada para satisfazer os desejos compulsórios.  “Algumas pessoas são mais suscetíveis do que outras para desenvolver um vício, como ter algum transtorno mental, ter casos de familiares próximos que tiveram ou ainda possuem vícios, ou uma sensibilidade maior com os efeitos das substâncias. Fatores emocionais e sociais também influenciam no desenvolvimento de vícios”, conclui.