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Apraxia verbal: o distúrbio que impede a fala

Publicada dia 28/06/2017 às 14:12:43

Mariana Pires

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Imagine que você queira falar algo, esteja com tudo na ponta da língua, mas por algum motivo inesperado, sua boca não obedece ao comando cerebral e os sons acabam não saindo. É uma situação comum em sonhos, daqueles que acordamos suando e com uma sensação de desespero. No entanto, para as crianças portadoras de apraxia verbal, esse pesadelo é real.

A apraxia verbal é um distúrbio de ordem neurológica que interfere na fala do indivíduo, manifestando-se na programação das sequências de movimentos e resultando em erros na produção e articulação dos sons da fala, entonação, ritmo e melodia.

Apesar de muitos pensarem o contrário, a criança com apraxia possui uma audição normal e consegue utilizar comunicação não-verbal por meio de gestos, expressões faciais, vocábulos isolados e frases sociais, como “não” e “sim”. Ela não é muda, no caso. “Ela apenas não consegue se comunicar de forma compreensível, mesmo sem anormalidade anatômica, estrutural ou funcional aparente do mecanismo oral”, esclarece a fonoaudióloga Jocy Ellen Sartori Doná.

Ela explica que os primeiros sintomas relacionados à desordem já começam a surgir a partir dos 12 meses, no entanto, o diagnóstico só é feito após os três anos. “Nessa idade as crianças normalmente já são bem compreendidas, apesar de um erro ou outro de pronúncia. Quando possuem apraxia verbal, elas provavelmente ainda não estarão falando ou se estiverem terão a fala ininteligível, com erros de pronúncia incomuns, aumentando a dificuldade na emissão de palavras com mais sílabas”.

O tratamento não abrange apenas os aspectos físicos e sensoriais do controle motor da fala, mas também a parte cognitiva e linguística. “Na prática, a repetição e o uso de pistas multissensoriais (visuais, auditivas e sinestésicas) conduzem a terapia”, Jocy conta. “Para crianças que não falam são usados meios alternativos ou complementares de comunicação”.

Os resultados obtidos em terapia de uma criança com apraxia demoram um pouco para começarem a surgir, mas quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor a recuperação.

No entanto, como qualquer distúrbio, a apraxia possui uma variedade de graus, o que torna o diagnóstico complexo. “Por isso, se os pais perceberem algo incomum na fala do filho, o ideal é que ele seja encaminhado para a terapia diagnóstica e para profissionais especializados”, recomenda a fonoaudióloga.