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“Não quero comer!” – Seletividade Alimentar é comum entre crianças

Publicada dia 27/10/2022 às 15:59:10

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Recusa alimentar, pouco apetite, desinteresse pelo alimento ou repertório alimentar muito limitado – essas são algumas das características da seletividade alimentar. Apesar de não ser considerado um transtorno alimentar, a nutricionista Michele Dierka conta que é uma queixa cada vez mais comum nos consultórios, e que a longo prazo pode trazer consequências negativas impactando no crescimento, desenvolvimento cognitivo, social e emocional da criança.

Esse comportamento é típico da fase pré-escolar, e existem diversos motivos que podem levar uma criança a apresentar restrições alimentares: a redução do gasto energético – já que em determinadas fases as crianças necessitam de menos energia, traumas e questões comportamentais e emocionais em relação com o alimento, mudanças na rotina, alergias, intolerâncias e problemas gastrointestinais, desordens sensoriais e dificuldades orais e motoras.

Segundo Michele, é importante frisar que que essas crianças não recusam os alimentos porque não querem comer, mas sim porque tem alguma limitação. “Algumas vezes a seletividade alimentar se resolve sozinha, desde que a família tenha uma abordagem adequada e continue oferecendo para criança todos os alimentos, e principalmente dando exemplo em relação à alimentação”, explica. “Mas, quando estas restrições se estendem por um período maior, ou começam a aumentar ao invés de reduzir, é preciso buscar ajuda profissional para identificar o que está causando a Seletividade Alimentar e fazer uma correta intervenção”.

Momentos em que se deve procurar a ajuda de um profissional são quando há recusa de grupos alimentares inteiros e de todos os alimentos da mesma textura, dificuldade de tocar em alimentos ou brinquedos pegajosos, não aceitar que mude a forma ou marca do alimento ou que troque o prato ou talheres, e quando há queda ou estabilização da curva de crescimento e ganho de peso. Para a nutricionista, o acompanhamento destas crianças deve ser multiprofissional, podendo ser necessária a avaliação de um nutricionista, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogo, gastropediatra e odontopediatra: “sem identificar a causa da seletividade, não temos como ajudar estas crianças de maneira efetiva”.

Quando as crianças recusam grupos alimentares inteiros, como hortaliças ou frutas, e não houver intervenção, dificilmente a seletividade alimentar se resolverá sozinha. “Lembre-se: Forçar uma criança a comer nunca vai resolver, independente da causa da sua restrição”, finaliza a nutricionista.