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Santa Cruz tem primeira candidata trans de sua história

Publicada dia 14/10/2020 às 11:11:14

Isadora Iaroseski

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Diego Singolani


As eleições de 2020 também serão lembradas pela quebra de tabus sociais. Pela primeira vez, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) permitiu que candidatas e candidatos transexuais utilizem o nome social em sua candidatura. Já em Santa Cruz do Rio Pardo, será a primeira vez na história que uma mulher trans disputa as eleições. Sabrina Vieira Lima, 38, que concorre a vereadora pelo Patriota, afirma que, se eleita, vai atuar principalmente nas áreas da saúde e cultura. 

Em todo o País, foi registrado um total de 167 candidaturas com nomes sociais, nos mais diversos partidos, de diferentes espectros ideológicos. No caso de Sabrina, ela já trocou seu nome em todos os documentos. A técnica em enfermagem não se considera uma militante, mas afirma lutar por igualdade na sociedade. “Não é uma bandeira política, pois irei lutar não só pelo grupo LGBTT (Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais), mas também por todos os direitos das mulheres”, diz Sabrina. “Como santa-cruzense, vejo que algumas áreas podem melhorar muito, principalmente na humanização e cultura”, declarou.

Sabrina diz que suas prioridades em um eventual mandato serão atuar para agilizar a realização de consultas e exames médicos, fomentar oficinas de teatro para crianças e jovens e estimular a revitalização do Palácio da Cultura. “Por que não a volta do cinema?”, questiona.

Autoconhecimento e preconceito

Sabrina conta que foi na adolescência, aos 14 anos, que percebeu realmente não sentir atração por mulheres. “No começo, como para a maioria, foi uma confusão na minha cabeça. Eu me sentia como uma menina, passava e olhava nas vitrines os vestidos e sapatos de salto alto e me via vestida neles. Até hoje minha tia conta que, quando era criança, eu ia na casa da minha vó e colocava os vestidos dela e também sempre brincava com bonecas”, relembra a técnica em enfermagem. Quando completou 18 anos, Sabrina se assumiu como mulher trans. “No começo meu pai não aceitava, mas depois dos familiares e amigos conversarem, ele foi acostumando com a ideia e hoje nosso relacionamento é tranquilo”, diz.

Sabrina afirma que, apesar do preconceito - que existe -, lutou por seus objetivos e fez por merecer suas conquistas, sem se deixar abalar. Em relação à Santa Cruz do Rio Pardo, a candidata diz que nunca teve “problemas sérios” quanto à homofobia, mesmo sofrendo o que ela mesma classificou como piadinhas. “Sempre tirei de letra. Lembrando que o preconceito está em todos os lugares e com todos os tipos de pessoas. Sempre vai ter um ou outro que vai me olhar diferente, mas acredito que a maioria me receberá como as demais pessoas, como fui muito bem acolhida pelo partido do qual faço parte”, declarou.