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Universitárias compartilham histórias na graduação após os 40

Publicada dia 22/03/2023 às 19:55:56

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Giovana Dal Posso


Na última semana, o caso da universitária Patrícia Linares, 45, que sofreu preconceito pela sua idade por parte das estudantes Giovana Cassalatti, Bárbara Clixto e Beatriz Pontes, na faculdade da UNISAGRADO, em Bauru, repercutiu no país inteiro e levantou diversas discussões sobre o etarismo – nome dado a discriminação e preconceito relacionados á idade de uma pessoa. Por mais que pessoas mais novas possam sofrer com isso, os mais velhos estão mais sujeitos a sofrer com o etarismo, que acaba muitas vezes afetando sua autoestima e atémesmo a saúde, acarretando ainda mais para um olhar negativo acerca do envelhecimento.

Pensando nisso, o Atual realizou uma entrevista com quatro mulheres, que, após os 40, se encontram realizando suas graduações e atingindo seus objetivos.

‘em busca de um sonho antigo’
Virgínia Rossetti de Oliveira tem 46 anos e atualmente cursa gastronomia. Ela conta que escolheu essa graduação porque já tinha algumas habilidades e queria agora aprender técnicas: “amo estar na cozinha, cozinhar pra mim é uma maneira de demonstrar amor”. A estudante explica que já havia começado o curso de Administração mas precisou interrompê-lo, e que sua graduação atual é tudo o que procurava, pois adora desenvolver novas receitas.

“Minha maior motivação foi o incentivo do meu marido e dos meus filhos para ir em busca de um sonho antigo, aperfeiçoar aquilo que eu mais amo fazer que é cozinhar. Minha dica é que nunca é tarde para que possamos buscar conhecimentos e ir em busca dos nossos sonhos! Pra mim está valendo a pena a cada aula, cada matéria eu quero muito além, daqui a um ano três meses estarei graduada, se Deus quiser” – Virgínia.

‘me apoiam a não desistir’
Amelia Alexandra Pastore Cardoso tem 40 anos, e é Conselheira Tutelar há 3. Ela está no quinto ano de Direito, e trabalha diretamente na luta contra a violação dos direitos de Crianças e Adolescentes. Ela conta que sua maior motivação para estudar foi pela realização de um sonho, e que no começo achou que não daria conta. “Por ser um curso presencial no começo pensei que não iria conseguir dar conta, cuidar de casa, trabalhar e estar nas aulas todos os dias. Só que a Fasc me ajudou muito nesse sentido, incentivando e acreditando junto comigo no meu sonho”. A conselheira, já havia cursado pedagogia, relata que nunca se sentiu inferiorizada por conta de sua idade no ambiente universitário: “pelo contrário, sempre vendo o esforço me apoiam a não desistir”.

“Apesar dos desafios lute pelos seus sonhos não se importando com opiniões das pessoas que não acreditam em você! Os planos de Deus são maiores que os seus.” – Amelia

‘minha maior inspiração é a minha mãe’
Carla Cintia de Souza Tavares é auxiliar de produção, e aos 41 anos está no quarto e último período do curso de logística. Como seu turno do serviço acaba quase meia noite, ela contaque optou por um curso de educação a distância  (EaD), reservando suas madrugadas para os estudos.

Para Cíntia, sua mãe é sua maior inspiração que se formou aos 53 anos: “Era o sonho dela. Essa é a imagem que carrego comigo, de uma mulher lutadora, guerreira, que não para, e que não vê a idade como barreira para barrar os seus sonhos”. Em sua primeira faculdade, Letras, ela conta que a turma sempre buscava referência nas alunas que eram mais velhas: “Quando eu cursei minha primeira faculdade, a maioria da turma eram mulheres, tinham feito magistério e estavam procurando uma graduação. Na época, a grande parte tinha mais de 40 anos que já davam aula e passavam a experiência delas para nós novatas na faculdade, e sempre a respeitávamos, buscávamos a ajuda e experiencia delas.”

“Para quem quer começar uma faculdade depois dos 40, não espera a disposição vir e nem a vida ficar certa para recomeçar, simplesmente enfrente. Não vou ser hipócrita e dizer que todo dia nós estamos dispostos, porque não é verdade. Mas buscamos de dentro de si, porque o tempo vai passar, você estudando ou não. Então que seja assim, você buscando sua melhora, inclusive como pessoa, não parando no tempo e simplesmente seguindo e indo atrás dos seus
sonhos”
– Carla.

‘nunca é tarde para aprender’
Marta Maria Raimundo Bianchi tem 60 anos e cursa o sexto semestre de Serviço Social. Mesmo aposentada como professora de educação infantil. Ela já foi Diretora de creches e instituições na cidade, e atualmente trabalha como coordenador de ações sociais no Fundo Social de Solidariedade, e atualmente consegue transmitir seu conhecimento para diversas pessoas, e se diz muito contente com a escolha na nova profissão. “Eu sempre gostei de estudar, todos os cursos online ou presenciais que tinham, sempre fiz. Me formei em dezembro de 1980. Em ’82, comecei a trabalhar como professora do Estado, e ai começou a minha vida – terminei o magistério e fui para a faculdade de Estudos Sociais, depois cursei História, Pedagogia e comecei a fazer pós graduação em Didática. Minha vida sempre foi dar aula. Já fiz pós também em Atendimento Educacional Especializado, Libras, Orientação e Supervisão e minha última pós foi de Serviço Social e Sistema único de Assistência Social”, explica. Foi dessa última pós-graduação que veio o seu interesse da sua graduação atual, na qual ela se forma em julho do ano que vem.

“Eu acho que nunca é tarde para aprender, nunca é tarde para ter conhecimentos. As pessoas podem e devem sempre querer aprender mais. Gosto de sempre estar por dentro dos assuntos, de querer aprender coisas novas. Acho que todos, acima de 40, não devem ter medo - façam e estudem, conhecimento nunca é demais pra qualquer pessoa” – Marta.