Supercentenário de Orlando Villas-Bôas marca a história da cidade de Santa Cruz

Nathalia Franqlin
Orlando Villas-Boas, um dos sertanistas mais importantes do país, faria 110 anos em 2024 se ainda estivesse vivo. Entre seus legados mais importantes estão a criação do Parque Nacional do Xingu em 1961, e a Fundação Nacional do Índio, a FUNAI, em 1967. Apesar da relevância nacional e internacional, chegando a ser indicado a dois prêmios Nobel e concorrendo a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras, ele nunca teve reconhecimento na sua cidade natal, sendo inclusive muitas vezes reivindicado, de forma errônea, natural de Botucatu.
Orlando, santa-cruzense, nasceu no dia 12 de janeiro de 1914, e ainda encontra-se de pé a casa em que veio à luz, atualmente propriedade do Professor José Messias de Brito. Após seu nascimento, a família foi residir em Botucatu.
Segundo o historiador Celso Prado, após a morte de seus pais em São Paulo, os irmãos Villas-Bôas, já por volta dos 20 e poucos anos - Orlando, Cláudio e Leonardo - decidiram sair da cidade e voltar para o interior, mas não para suas cidades de origem, já que não viam sentido nisso. Decidindo ir mais longe, ingressaram na Expedição Roncador/Xingu, no projeto Marcha para o Oeste idealizado por Getúlio Vargas com a finalidade de interiorização do Brasil.
Aqui nasceu a admiração de Orlando pelas populações indígenas, formando-se como o indigenista que é extremamente referenciado na atualidade. Em entrevistas, Ailton Krenak - filósofo e ambientalista de etnia crenaque - fala sobre o santa-cruzense como alguém que foi “engolido pela floresta”, e que passou pelo processo de aculturação de sua própria cultura como homem branco para um homem da mata.
A partir do contato com as populações indígenas múltiplas e diversas que existem no interior brasileiro, os irmãos Villas-Bôas viram a necessidade da demarcação de terras dentro do território nacional para as populações poderem viver e expressar sua cultura de forma livre do modo de vida não-indigena. Desta luta, surgiu o Parque Nacional do Xingu em 1961, território no Mato Grosso designado como Terra Indígena.
Orlando chefiou o Parque Nacional no período de 1961 a 1967 e, juntamente com um grupo de sertanistas, elaborou a criação da FUNAI. Com o argumento da necessidade de existir um corpo do Estado que promova a proteção aos direitos dos povos indígenas em todo território nacional.
A vida levou o santacruzense a diversos lugares, tendo reconhecimento nacional e internacional. Mas o fato é que esse pedaço da história começou na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo e Orlando precisa ser memorado por sua relevância e luta em favor dos indígenas, seus ideais são eternos.