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Santa-cruzense vira chef em restaurante renomado do exterior

Publicada dia 30/05/2023 às 11:11:16

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Giovana Dal Posso


Faz seis meses desde que o santa-cruzense Marcelo Prado se mudou para a Estônia. Quando surgiu a oportunidade de ir para o país, ele conta que começou a se interessar e aprender mais sobre, pesquisando o cenário gastronômico e o que iria poder aprender lá.  Atualmente ele trabalha como chef de sobremesa no Noa Restoran, que possui uma estrela Michelin e diz que a ideia de ir até o país foi para pesquisar e aprender sobre gastronomia. Autodidata, ele conta que sempre procurou estar no meio culinário.

“Pra mim é um desafio muito grande, porque nunca havia trabalhado como chef de sobremesa. Entrei aqui como chefe de produção, preparando coisas para a hora do serviço e quando rolou a oportunidade de cuidar da praça de sobremesa, eu aceitei o desafio”, conta. Apesar do que muitas pessoas pensam, Marcelo afirma que não há glamour na cozinha, já que os próprios cozinheiros também cuidam da limpeza da cozinha. “Na verdade, existe muito trabalho e dedicação”, complementa. 

Quando questionado se pensa em abrir seu próprio restaurante no país, ele se diz indeciso. Apesar do país ser muito interessante, e o governo incentivar as pessoas a abrirem novos negócios, Marcelo diz que quer viver um pouco da alta gastronomia no país e em outros países próximos e aproveitar a oportunidade para adquirir mais bagagens, adquirindo ideias e estudos. 

Sobre o país, há grandes diferenças quando comparado com o Brasil. "O clima é muito diferente do Brasil, principalmente ai de Santa Cruz. As estações do ano são muito demarcadas aqui", relata. Ela explica que a aparência da cidade se transforma conforme a estação do ano. "Quando cheguei aqui, estava super frio, são quatro meses muito gelados. O frio começa em novembro, e cheguei dia 02 de dezembro - cheguei a pegar temperaturas de -15°C com sensação térmica de -20°C. Agora é a primavera, então começa a esquentar, tem feito cerca de 8° a 10°C."

Mesmo com as baixas temperaturas, Marcelo diz que a adaptação acaba sendo mais cultural do que climática. "Estou do lado da Rússia, então toda referência cultural vem de lá, que foi a União Soviética até 1992, então é um país muito novo e de certa forma está se desenvolvendo muito rápido". Ele conta que a fala não chegou a ser um problema, porque apesar de falarem estoniano, é raro encontrar pessoas que falam inglês. "Culturalmente algumas barreiras estão mais ligadas a diferença cultural das pessoas em relação a gente do Brasil, que temos mais esse calor humano. O estoniano em si é muito fechado", explica. 

Outra diferença curiosa que o chef cita é que a cidade, por viver de startups de tecnologia, se tornou um ambiente muito moderno. "Eu tenho uma permissão para residência aqui pois minha esposa tem um contrato com uma empresa grande, e essa permissão dá acesso à saúde gratuita e ao transporte público que também é gratuito. Você vai para os lugares e não paga trem, ônibus, nem nada. A locomoção na cidade é muito boa, agora que está começando a esquentar a cidade está cheia de patinetes para alugar por aplicativo e robôs que fazem entrega."

Por fim, ele acrescenta que morar no país trouxe ainda visões diferentes sobre o globo. “Na guerra, a Estônia se posiciona totalmente contra a Rússia e a favor da Ucrânia, mas estando aqui perto, senti pela primeira vez que na Europa se entende a Rússia como potência. Quando eu morava no Brasil,  via muito sobre os Estados Unidos, mas aqui a Rússia tem uma diferença significativa.