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Romance à moda antiga

Publicada dia 12/06/2017 às 10:23:22

Mariana Pires

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Nos dias de hoje, o romantismo tradicional parece estar fora de moda. Com o surgimento da tecnologia e dos aplicativos de encontros, ficou muito mais simples encontrar parceiros em potencial e o ato de cortejar se tornou desnecessário. Graças a isso, muitos se lembram com certa nostalgia dos namoros de antigamente, quando os costumes eram mais rígidos e a ideia de ter um “ficante” era impensável. “Naquela época tudo era muito diferente. Os namoros eram vigiados pela família”, lembra Lourdes Pires Almeida, de 72 anos.

Dona Lourdes é casada há 56 anos com o primeiro namorado, Alcebides Leite Almeida, hoje com 77 anos. Os dois se conheceram no ano de 1958, quando Lourdes se mudou com a família para a cidade de Ribeirão do Sul, onde Alcebides já morava. “Nos conhecemos e de cara já gostei dele. O único problema era que ele já namorava outra moça”, ela brinca.

No entanto, esse relacionamento de Alcebides acabou não durando e ele e Lourdes logo começaram a namorar.

Depois de um ano e meio juntos, Lourdes e Alcebides se casaram no dia 06 de maio de 1961, em Salto Grande. Ela se lembra que um dos motivos para o período de namoro ter sido tão breve foi a rigorosidade do seu pai. “Meu pai era muito severo. Fazia mais de um ano que eu e o Alcebides namorávamos e nunca tínhamos sequer dado um beijinho”, lamenta.

No entanto, apesar do namoro limitado, o casamento vem sendo duradouro e muito feliz. Para ambos, a receita para o sucesso matrimonial é o respeito mútuo. “Manter o respeito na relação é essencial” afirma Alcebides. “Se não existir compreensão e amor, você não vence nessa vida”.

Noivas em dose dupla

Hoje, Alcebides e Lourdes se recordam dos tempos de namoro com saudade e garantem que o sentimento continua o mesmo de 56 anos atrás. Tanto que até renovaram os votos durante o aniversário de 50 anos de casados. “Foi uma surpresa dos nossos filhos” Dona Lourdes ri. Mas logo as risadas são substituídas por lágrimas, quando ela se lembra do que sentiu ao entrar na igreja vestida de noiva pela segunda vez. “Eu e o Alcebides estávamos planejando apenas um culto de ação de graças. Mas minhas netas insistiram que eu comprasse um vestido bonito e uma gravata que combinasse para meu marido. Mal sabia eu que quando chegasse na igreja, o Alcebides estaria me esperando no altar e meu filho mais velho na porta, pronto para me conduzir”, se emociona.

Assim como Lourdes, Luzia Gozzo Rosalen, 72, comemorou as bodas de ouro como noiva em maio do ano passado. “Eu até joguei o buquê”, se diverte contando.

A história de amor de Luzia e o esposo, José Carlos Rosalen, 71, coincidentemente começou em uma festa de casamento, em meados dos anos 1960, quando ele resolveu mandar um bilhetinho para ela. “O José Carlos me mandou um recado durante a festa, me paquerando. No dia seguinte já fomos nos encontrar”, Luzia relembra. 

 O casal namorou durante três anos antes de se casarem, no dia 15 de maio de 1966. Atualmente, são pais de três filhos e avós orgulhosos de seis netos. Ambos consideram que nos dias de hoje tudo é muito diferente no âmbito amoroso. “Antigamente exigia-se muita seriedade nos relacionamentos e nossos pais e irmãos eram bem rígidos quanto a isso”, Luzia recorda. “Mas posso dizer que tivemos um namoro perfeito”. José Carlos concorda e ainda dá dicas para manter um relacionamento feliz durante cinquenta anos. “O mais importante manter o respeito e a dedicação mútua”.

Luzia arremata garantindo que o amor não mudou nada desde que eram namorados. “Estamos sempre juntos e cuidando um do outro. Posso dizer que somos eternos namorados”, assegura.