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Professor de filosofia deixa profissão para se dedicar a arte

Publicada dia 01/08/2022 às 16:59:30

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Bacharel e licenciado em filosofia pela Faculdade Federal de Santa Catarina, Ulisses Bernardo Ferreira, deixou a carreira acadêmica e a sala de aula para investir em sua arte. Ele começou a pintar como uma brincadeira com caneta preta até ir aperfeiçoando sua técnica. Passou da caneta para o nanquim e agora utiliza óleo sobre tela, mas tudo sempre em preto e branco.

Apesar de ainda não ter transformado a pintura em renda, amigos e pessoas do ramo já enxergam seu potencial. Ele aproveitou a pandemia enquanto ficou com os pais em Santa Cruz, sua cidade natal, para pintar sobre diversos temas que o inspiraram. Com este acervo de obras, agora ele busca ajuda para conseguir boas oportunidades.

Ulisses contou que a escolha pelo tipo de pintura que ia começar foi se dando devido às circunstâncias. Ele desenhava com a caneta esferográfica como um passatempo. Um amigo o viu desenhando e apresentou o nanquim. “Gostei e fui fazendo. Depois passei para o óleo sobre tela, mas mantive o branco e preto. São poucos que fazem só branco e preto. Achei que já tinha adotado este estilo monocromático e segui”, disse.

Sem estudo formal em artes, Ulisses obteve sua inspiração através de muita pesquisa. “Gosto muito das vanguardas do século 20, surrealismo, dadaísmo, e cubismo. Pego estes três movimentos e faço mesclagem. Gosto muito do Jean-Michel Basquiat, também pode se dizer que tenho inspiração no grafite, arte geométrica. Tento colocar nos quadros as coisas que eu sinto, minhas angústias, ou até mesmo inspirações em livros que estou lendo. Uso bastante a intuição, não fico preso a uma coisa só”, conta.

Um dos quadros preferidos que pintou foi inspirado no ensaio filosófico escrito por Albert Camus, O Mito de Sisifo, que fala sobre o absurdo. Tem outro quadro inspirado em Heidegger, sobre conceito de angústia. Além de pintar, Ulisses escreve sobre quadro que faz. Ele explica a inspiração, o sentimento, que o levou aqueles traços.

Ulisses se mudou para Florianópolis (SC) em 2006, começou a estudar filosofia em 2008. “Enquanto o professor explicava eu ficava desenhando. Sou muito inquieto e desenhar me ajudava a conseguir prestar atenção. Em 2010 fui trabalhar na secretaria de educação infantil. Colegas viam os desenhos e já aconselhavam a ir para a área de artes plásticas, mas resolvi terminar o curso de filosofia que também gostava”, conta.

Após se formar começou a dar aula. Tinha um plano de mudar para a arte sua profissão, mas ainda não sabia como. “Em 2018 estava com muita aula, tendo problemas com ansiedade, via outros professores tomando remédio, percebi que iria para o mesmo caminho e sabia que era a arte que me encantava. Adoro filosofia, sinto falta de estudar, de preparar aula, mas a aula é muito cansativa, e desgastante”, pondera.

Como já nutria uma vontade de fazer uma viagem de “mochilão”, resolveu largar o emprego e fazer a viagem. Foi então para o Uruguai em setembro de 2018. Depois foi para Argentina. Sempre em contato com arte, conversando com as pessoas, indo a museus, exposições, e vivendo com alguns bicos pelo caminho.

“Voltei para Santa Cruz com o plano de me dedicar à pintura. Quando estava com cerca de 20 quadros prontos iria voltar para Florianópolis tentar a sorte. Então veio a pandemia e atrapalhou tudo, acabei ficando todo este tempo e segui pintando. Agora estou com quase 70 quadros prontos ou em processo de finalização. Estou tentando os contatos para poder realizar exposições e vendas de quadros”, revela.