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Professor cria sistema sustentável em sua casa durante pandemia

Publicada dia 23/11/2021 às 11:00:32

Thaís Balielo

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Veterinário de formação, piscicultor, com mestrado em aquicultura, e amante da natureza, Rodrigo Salaro resolveu implantar sistemas ecológicos e sustentáveis em sua casa. Ele possui composteira para aproveitar restos de alimentos, um biodigestor para aproveitar fezes de seus cães as transformando em gás para cozinhar, possui um sistema de plantio com utilização dos dejetos de peixes criados em um tambor, e recentemente instalou um sistema de energia solar na casa. O próximo passo serão cisternas para captação de água de chuva.

Os sistemas em sua casa foram sendo montados aos poucos, além da preocupação com o meio ambiente reduzindo o volume de lixo gerado, ele conta que todo o sistema também é um hobby, pois gosta de plantar, gosta de peixes e gosta de criar “engenhocas e gambiarras”.

O primeiro sistema sustentável que montou foi a composteira, logo que terminou o mestrado e “descobriu” que tinha tempo. “Limpando as fezes dos meus cães no quintal pensei que poderia aproveitá-las como adubo. Então montei a composteira que, além de restos de alimentos precisa de fezes para gerar os nutrientes necessários para adubo. Mas ainda utilizada muito pouco do volume de fezes, foi quando tive a ideia do biodigestor, inspirado no sistema instalado na escola agrícola”, conta.

Rodrigo tinha um tambor parado que havia guardado para fazer cisterna, mas como ainda precisa investir em um novo sistema de calha para a captação da água, resolveu utilizar para isso. Ele contou que o sistema ainda não está completo, pois gera o gás dentro de uma câmara de ar, mas ainda falta conseguir comprimir este gás dentro de um botijão para utilizar na cozinha. Este processo ele ainda não conseguiu fazer.

Com a pandemia resolveu implantar o sistema de aquaponia que já queria fazer a muito tempo. “Sou muito ativo, então sem aula e sem poder sair de casa, montei o sistema no primeiro mês”, conta. O equipamento montado é uma mistura da hidroponia com a aquicultura. É uma forma de aproveitar o efluente do peixe que é rico em nutrientes, porém também poluente. Em um tambor ficam peixes como tilápia, pacu, lambari, curimba e caboja, um motor circula a água que passa por um filtro e vai para as plantas em um sistema de alagamento e em outro tambor com bandeja flutuante.

A água do aquário passa para um filtro que decompõe a amônia da água e forma nitrato, além dos nutrientes excretados pelos peixes como potássio, fósforo, tudo isso alimenta as plantas que recebem esta água. Funciona para as plantas como um sistema de hidroponia com uma adubação orgânica. A hidroponia tradicional utiliza a fertilização da água com fertilizante químico.

Atualmente ele está plantado manjericão em um dos sistemas e poejo em outro, mas explicou que dá para plantar uma variedade de vegetais. Ele já produziu alface, cebolinha, entre outros. Ele utiliza as plantas como tempero ou como chá. Os peixes quando crescem já viram alimento também. “Já pega o peixe e tempera com as plantas que ele mesmo ajudou a cultivar”, brinca.

Rodrigo nota uma grande diferença na planta no seu sistema de aquaponia e no vaso comum. Como ela cresce em ambiente rico em nutrientes fica muito mais bonita. “Tenho manjericão no vaso também, é a mesma planta, da mesma muda e fica totalmente diferente o tamanho da folha da cultivada na água e no vaso. A quantidade de nutrientes é muito grande na água com os peixes”, afirma.

Seguindo esta linha de reaproveitamento e de cuidado com o meio ambiente, Rodrigo resolveu investir em painéis solares. “Estou sempre no rio pescando e vemos ano após ano o nível da água abaixando, vejo o reflexo da degradação do meio ambiente e tento fazer a minha parte. Claro que outro grande motivador é econômico. É um investimento com retorno imediato, um dinheiro parado na poupança não renderia esse valor economizado de energia mensalmente”, argumenta.

Ele explica que o sistema devolve para a rede o excedente da energia gerada. Ainda é preciso pagar o mínimo da energia e paga ICMS em cima dos horários que não gera energia como na parte da noite. “Ainda é recente a instalação dos painéis solares, com o tempo vendo a média de geração e quanto sobrará de energia pretendo montar um sistema maior de aquaponia com uma bomba mais forte e um espaço maior para mais peixes”, conta.