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Paixão por fotografia uniu casal no Japão

Publicada dia 15/06/2022 às 14:44:12

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Com histórias muito diferentes Franciely Graciano e Eduardo Fugiy se conheceram trabalhando em uma mesma fábrica no Japão, mas foi a paixão pela fotografia que uniu o casal. Este mês, no dia 18, comemora-se o dia Nacional da Imigração Japonesa, data da chegada do primeiro navio com imigrantes japoneses ao Brasil. Muitos descendentes destes imigrantes fazem o caminho inverso e procuram morar no Japão, principalmente para conseguir levantar dinheiro e para conhecer a cultura de perto.

A santa-cruzense Franciely foi para o Japão em 2010. Apesar de não ter descendência japonesa ela era casada com um descendente e enfrentou o desafio. Além de enfrentar os desafios da língua e da cultura diferente, ainda passou pela separação em um país muito distante de sua terra natal.

Enquanto isso, Eduardo já estava por lá. Ele se mudou para o Japão em 1997 junto da família. Seu pai mora no Japão até hoje. Em 2017 as histórias de Eduardo e Fran se cruzaram em uma fábrica. “Eu sempre gostei de fotografar. Em 2012 comprei minha câmera e comecei a fazer pequenos ensaios de pessoas e paisagens. Quando conheci o Eduardo ele vinha estudando desde 2010, havia feito alguns cursos, e começava a trabalhar como fotografo profissional nas horas vagas”, conta.

Fran conta que depois que começaram a namorar, foram por algumas cidades que tinham vontade de conhecer, nas folgas do trabalho, e iam aumentando o portfólio fotográfico e a bagagem cultural, conhecendo lugares lindos. Eles conheceram o Castelo de Himeji (que aparece no filme do 007), o castelo de Nagoya (destruído pelo Godzila no filme dos anos 90), e o famoso Castelo Kinkaku-ji (o castelo coberto por Ouro) na cidade de Kyoto.

“O lugar mais emotivo que tive o prazer e tristeza de conhecer foi a cidade de Hiroshima e o Memorial da Paz onde a bomba nuclear caiu na Segunda Guerra Mundial. A nossa cidade favorita com certeza é Kyoto, a antiga capital japonesa cheia de cultura, paisagens incríveis, lugares históricos, gueixas pelas ruas, comidas típicas e muitos estrangeiros. Não esquecendo, minha estação do ano favorita no Japão (pois as quatro estações são muito bem definidas) é a estação dos Momiji (folhas vermelhas), o Outono japonês”, conta.

Apesar das oportunidades, dos passeios, de conhecer lugares belos, Fran conta que o estresse da rotina de trabalho desgastante e estar longe da família a fez querer voltar ao Brasil. “O corpo responde por aquilo que a alma sente. Por motivos de saúde física, causados pela canseira emocional, em dezembro de 2018 resolvi voltar embora e então trouxe comigo o Eduardo. Ele que era de Osasco e nunca havia conhecido Santa Cruz”, relata.

Cultura

Fran se mudou para o Japão em 2010 sem nunca ter tido contato com a cultura, muito menos com a língua. Ela começou trabalhando em uma empresa que montava carros Suzuki. O primeiro choque cultural foi ver como o salário das mulheres era inferior ao dos homens, mesmo exercendo a mesma função. Apenas em 2014 que conseguiram que fossem igualados os salários (que recebíamos por hora trabalhada) com o masculino.

Fran afirma que morar naquele país foi uma das experiências mais incríveis de sua vida. “Um mundo onde a limpeza é extrema, e eles ensinam isso desde pequeno nas escolas. Uma cultura que te ensina a comer somente o suficiente, nunca demais. Que te ensina que o alimento tem que ser também para alma e não somente ao corpo. Que você deve se alimentar de forma saudável, que você deve nutrir-se de conhecimentos. Uma cultura que incentiva a leitura. É uma cultura que te ensina a rir das coisas fúteis da vida, pois japonês vê graça em tudo”, lista.

Descendência

Já Eduardo nasceu em São Paulo, na Liberdade, e cresceu em Osasco. A avó paterna nasceu em Nagoya, no Japão, e veio com seus pais para o Brasil ainda criança. “Em 1995, meu pai decidiu se arriscar e ir pela primeira vez para o Japão para trabalhar, quitar algumas dívidas, e depois retornar. O plano era ficar dois anos lá e minha mãe ficaria aqui comigo e meu irmão mais novo. Passados dois anos, meus pais decidiram que o melhor era irmos todos pra lá ficar. Foi aí que minha longa jornada começou”, conta.

Eduardo tinha acabado de completar 16 anos, partindo pro outro lado do mundo, deixando escola, amigos, família. O primeiro ano de Japão foi muito difícil. Ele não conhecia ninguém, não conseguia se comunicar por conta do idioma, não conseguia ler, e voltava todo dia quebrado da fábrica. Do segundo ano em diante, ele não queria mais voltar pro Brasil, já tinha mudado a opinião, estava conseguindo se adaptar.

“Ao longo dos anos, fui conhecendo a cultura, aprendendo muita coisa com os japoneses, principalmente o idioma. Aprendi sozinho, inclusive outras culturas convivendo com outras nacionalidades. Hoje falo fluente o japonês e o espanhol e por conta do meu esforço, consegui um cargo bom na empresa Sharp Eletrônicos, comecei de baixo e fui subindo até me tornar chefe encarregado do todos os estrangeiros e intérprete de japonês e espanhol”, revela.