O bolinho de carne que arrasta multidões
Renan Alves

Diego Singolani
O Guia Michelin, que elenca anualmente os melhores restaurantes do mundo, usa como critério de classificação suas famigeradas estrelas; se o estabelecimento recebe uma delas, significa que foi considerado muito bom e vale uma visita, caso o comensal esteja por perto. Se a casa, porém, conquista duas estrelas, é um sinal de excelência e um indicativo de que desviar a rota para conhecer sua cozinha é uma experiência satisfatória; Agora, se o lugar é agraciado com três estrelas, a distinção máxima concedida, trata-se de um restaurante soberbo, daqueles que merecem uma viagem especial, até mesmo intercontinental, para saborear suas iguarias. Coisa fina. Entretanto, alheio aos ditames do guia da marca de pneus francesa ou a qualquer outro holofote gastronômico, um pequeno negócio familiar no pacato município de Bernardino de Campos (SP) consegue atrair a atenção de centenas de entusiastas da boa comida de boteco de toda a região - e até de outros Estados. Eles chegam em seus carros, motos, bicicletas, alguns correndo, outros em veículos de tração animal, todos querendo provar um salgado cuja receita tem, provavelmente, mais de meio século: o bolinho de carne do Bar e Sorveteria da Gente, que não tem estrela Michelin, mas oferece pimentinha da casa, o que, convenhamos, é muito mais importante.
O Bar e Sorveteria da Gente existe há 68 anos e fica localizado na Praça Quintino Bocaiuva, no centro de Bernardino de Campos. Ao longo deste período, poucas foram as mudanças na sua estrutura e principalmente em seu cardápio, que basicamente conta com salgados e sorvetes de produção própria. Valcir Gonçalves Pinheiro, 58, é um dos sócios do estabelecimento. Ex-ferroviário, há 20 anos, junto com o irmão, Valcir enxergou na compra do bar uma boa oportunidade de negócio. Ele afirma que o antigo proprietário também passou as receitas de sorvete e dos salgados, que são seguidas até hoje. “Nós só aumentamos a oferta. Compramos uma estufa maior e adicionamos outros sabores de sorvetes”, revelou. O local conta com 16 variedades de sorvetes caseiros, mas o carro chefe, indiscutivelmente, é o bolinho de carne. Valcir afirma que chega a vender mais de 200 unidades em um único dia, fora as outras opções de salgados. “Geralmente a gente faz umas oito fritadas por dia do bolinho. Acaba rápido e o pessoal fica de olho na próxima leva, passa perguntando se já saiu mais”, diz o comerciante.
O local abre todos os dias e o proprietário afirma que recebe muitos clientes de Ourinhos, Santa Cruz do Rio Pardo, Chavantes e Cerqueira Cesar, que viajam a Bernardino só para comer o bolinho de carne. “Já veio gente de São Paulo, Rio de Janeiro e até do Mato Grosso atrás do bolinho”, conta Valcir. A preparação básica do bolinho é bastante simples: carne moída, farinha de rosca, cheiro verde e demais temperos (sobre os quais é mantido um certo mistério). Após moldados, eles são envoltos numa massa mole de bolinho de chuva e fritos em óleo abundante. “A receita é a mesma desde que assumimos. Não mudamos nada, mas antes realmente vendia pouco, até a estufa era menor. Quando compramos o bar, parece que o bolinho caiu no gosto do povo”, diz Valcir.
Bolinho de Carne (versão inspirada na do Bar e Sorveteria da Gente)
Ingredients do bolinho
- 1/2 quilo de carne moída (patinho);
- 4 colheres de farinha de rosca de padaria;
- sal, pimenta do reino, cebolinha, salsinha e cebola picada à gosto;
- 2 dentes de alho.
Ingredientes da massa
- 2 xícaras de farinha de trigo;
- 1 ovo;
- Leite até dar o ponto;
- 1 colher de fermento;
- 1 colher de vinagre;
- 1 colher de café de sal.
Modo de preparo
- Junte todos os ingredientes do bolinho, amasse bem e faça bolinhas de aproximadamente 90 gramas. Reserve;
- Misture todos os ingredientes da massa, deixando o fermento por último. A massa tem que ficar lisa e homogênea, tem que escorrer da colher;
- Passe o bolinho pela massa e frite em óleo não tão quente;
- Quando colocar para fritar, o óleo tem que borbulhar o bolinho;
- Retire o excesso de óleo com papel toalha e sirva.